Foi concorridíssimo o evento “Artist Talks”, um bate-papo entre o artista plástico Ernesto Neto, o diretor da Fundação Beyler, Sam Keller, e o curador de arte Paulo Herkenhoff, nessa quinta-feira (03/05), no Parque Lage. Os três se reuniram para conversar sobre a importância do projeto de instalação de Neto, “GaiaMotherTree”, na maior estação ferroviária de Zurique, no fim de junho. Os ingressos gratuitos esgotaram-se em pouco tempo e as pessoas começaram a chegar ao local no fim da tarde e recebiam pulseiras de cores diferentes, uma para assistir à conversa num salão, outra do lado de fora, acompanhando de um telão. O evento foi transmitido ao vivo para a Suíça.
Sam fez a introdução, em seguida, Paulo começou a conversa com Neto. “Qual a sua idade?”, perguntou ele: “Tenho 23”, respondeu Ernesto, para risos gerais. “Isso é para dizer que o Ernesto é muito antigo, tem a idade da terra. E nesse sentido a gente pode pensar em sua obra como um conjunto”, começou Paulo, numa palestra que durou 1h30 e abrangeu muitos assuntos: desde o descobrimento do Brasil, cultura africana, Floresta Amazônica, religião, galáxias até, finalmente, chegar à explicação do trabalho em Zurique. “Tive essa visão da escultura como se fosse uma árvore e no seu interior um coração, uma cupixaua (onde concentram as comemorações do povo Yawanawá, como danças, cantorias e cerimônias) para as pessoas terem uma conexão espiritual. Tudo com inspiração e respeito aos povos sagrados. Durante a inauguração vamos levar alguns representantes de tribos indígenas”. Ao fim foi exibido o clipe “Demarcação Já”, uma homenagem de mais de 25 artistas aos povos indígenas pelo direito à terra.