Nelson Rodrigues é capaz de tirar muita gente de casa, como aconteceu nessa sexta-feira (27/04), no Teatro Bradesco do Village Mall, no monólogo “Valsa #6”, montagem de Caco Coelho e interpretação de Gisela Sparremberger. O diretor se define como um “rodriguiano doente” e já publicou oito livros sobre o escritor pernambucano e se envolveu com pelo menos 20 montagens do dramaturgo ao longo da carreira. Mas faltava o texto mais denso de todos, que chegou aos palcos pela primeira vez em 1951, contando a história de Sônia, uma adolescente morta de 15 anos que, entre um delírio e outro, tenta montar o quebra-cabeça de suas memórias para tentar reconstituir sua vida.
Sobre o título, Coelho explica: “Fazemos uma ponte, cravamos a diversidade. É a pluralidade que está ali. A ‘Valsa nº6’, composta por Chopin, levava Nelson ao êxtase. Resgatamos o sensorial. Neste momento em que vivemos o maior desespero humano, entendo que a minha contribuição como artista é trazer essa essência poética”. Algumas mulheres que foram arrumadíssimas, mal sabiam que teriam que vestir um macacão branco, dos pés à cabeça, além de uma máscara – tudo para se protegerem da água da chuva cenográfica (e claro, não estragar o escovão).