A Beija-Flor é a grande campeã do carnaval carioca, anunciada nesta quarta-feira (14/02), no Sambódromo. A última escola a desfilar pelo Grupo Especial levou à avenida um “carnaval de protestos” com o enredo “Monstro é Aquele que não Sabe Amar – Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu”, um paralelo entre a obra Frankenstein, de Mary Shelley, que está completando 200 anos, e a história do Brasil. A agremiação de Nilópolis cantou a corrupção, a violência, a intolerância religiosa e outros problemas sociais. “Nosso enredo sobre a situação do país chamou atenção e foi muito bem aceito. Estou de alma lavada”, disse Neguinho da Beija-Flor. Jojo Toddynho, que desfilou como destaque num carro representando a paz, foi para a apuração usando uma pochete com a frase “Que tiro foi esse”, sua música-chiclete, e comemorou com os integrantes da escola. “Este é o tiro da Beija-Flor”, brincou.
Outro que estava roendo as unhas enquanto aguardava o resultado foi Enzo Celulari, filho de Edson Celulari e Cláudia Raia, que saiu na diretoria da azul e branco. Claudia desfilou como madrinha de bateria, fantasiada de estrela guia. No dia do desfile ela disse: “Venho como estrela-guia abençoando o Brasil para que a gente se renove e saia desse buraco. Infelizmente um samba que é o hino do lamento. A gente não queria estar falando disso, mas já que é assim, que sirva como alerta, como uma luz para a gente saber o que fazer a partir de agora”.
A grande surpresa foi o vice-campeonato da Paraíso do Tuiuti, que no ano passado viu um de seus carros alegóricos causar um grave acidente na Sapucaí. O enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?” contou a história dos 130 anos da Lei Áurea, mas também fez uma crítica política à reforma trabalhista aprovada pelo Congresso, ironizou manifestantes que pediram o impeachment de Dilma Rousseff e, no último carro alegórico, apresentou um presidente-vampiro em referência a Michel Temer. “O sonho foi maravilhoso. Nosso desfile mais ainda! Eu acho que acabamos com o preconceito de ‘bandeira presa’. Tuiuti, sim! É escola grande, vão ter que respeitar nossa história! Somos campeões do povo!”, escreveu a escola no Twitter.