Assim como todo o elenco de “Deus Salve o Rei”, nova novela das sete com direção artística de Fabrício Mamberti, que estreia nesta terça-feira (09/01), Débora Olivieri está encantada com a produção e claro, com a sua personagem, Constância, mãe da protagonista Amália (Marina Ruy Barbosa). “É um escândalo e nunca fiz nada parecido”, diz ela, que vem de dois folhetins de época, “Êta Mundo Bom!” (2016) e “Novo Mundo” (2017). A atriz recebeu o convite quando estava de lua de mel pela Europa com o marido, o holandês Ruud Dankers. “Estávamos em Bolonha, na Itália, e já estava nessa onda medieval visitando aqueles castelos históricos. Queria fazer essa novela desde o dia em que eu soube da sua existência. O nosso pensamento e uma coisa muito forte”, diz ela, que nunca havia divido a cena com Marina, mas a ligação foi imediata. “É uma parceria de alma. Nos olhamos muito nos olhos e até me sinto parecida com ela”.
Como foi compor Constância?
Espelho-me muito no personagem da Marina, uma mulher moderna para seu tempo, forte, destemida. Ela se define como fogo e eu sempre coloco mais lenha nessa fogueira e, por isso, vivo às turras com o pai dela Martinho (Giulio Lopes), que não aceita essa menina moderna. Venho de duas novelas de época, mas o estudo para o personagem é sempre diferente. O medieval é antes da energia elétrica, o começo de tudo, da roda, do fogo… A gente acaba entrando na história profundamente. Fizemos um mês de workshop voltado para uma interpretação “clean”, que é o que os diretores pedem e, como a gente não tem referências, é mais fácil viajar num mundo desconhecido. Amo fazer novela de época porque de contemporâneo já basta o nosso dia a dia.
Você enxerga semelhanças com a Marina?
Nunca tinha trabalhado com ela. Minha tia, (a atriz) Ida Gomes fez há muitos anos o “Sete, O Musical” (2007/2009) e comentava o quão incrível era essa menina. E realmente ela estava certa. Uma artista incrível, impressionante, magnetizante. Você se emociona com a emoção dela. As duas têm uma ligação muito forte e estamos nos deliciando com as cenas de mãe e filha. E eu me sinto parecida com ela, veja bem, uma beldade daquelas (risos) e a gente acaba ficando igual, um sentimento forte.
O público vai se identificar com o seu núcleo?
Espero que o público aceite nossa família, porque perto de todas as da trama, posso dizer que somos os mais humanos. Somos puros, usamos roupas simples, vivemos numa casa modesta. Eu e o meu marido vivemos brigando, mas dá pra notar que nos amamos e o público vai se identificar muito, principalmente as pessoas mais populares.
Acredita que o mundo está vivendo uma “era medieval” com tanta caretice?
A gente está vivendo num mundo nada diferente do que já era, mas hoje as pessoas podem falar tudo o que der na telha porque tem as redes sociais, a sua revolta atinge muito mais pessoas. O assédio sexual, por exemplo, é uma coisa que sempre existiu. Por que resolveram falar agora sobre o assunto? Porque podem e não existe mais a ameaça “acabo com você se abrir a boca”. Naquela época o preconceito era se um rei se apaixonasse por uma plebeia e hoje é a mesma coisa quando uma menina de uma família de ricos se apaixona por um negro. Esses ridículos existiam e nunca vão deixar de existir. Essas pessoas “bolsonaras” que sempre julgam tudo, são a favor da ditadura, de matar os negros, homossexuais, é um apartheid geral. Parece que a gente vai evoluindo e voltando para trás. Você nunca vai imaginar que vai haver um (Jair) Bolsonaro, mas existem 500 porque ele ainda pode ser o presidente desse país… Estamos ferrados.
Como lida com as redes sociais?
Acho insuportável. Essas meninas vivem com o dedo no computador e celular curtindo foto e assistindo a vida dos outros no Instagram. Detesto. Estou vivendo numa nova era literalmente em que sou obrigada a fazer isso sabendo o quão é importante para a carreira. Estou com uma difícil aceitação, mas enfrentando bem. Cheguei a sair do Facebook e Instagram e me senti uma idiota porque todo mundo achou um absurdo. Não me interessa a história dos outros, não tenho saco. O mundo está muito estranho.