É praticamente impossível morar no Rio, e não conhecer o padre Omar, reitor do Santuário Cristo Redentor e também pároco da Paróquia São José da Lagoa – a famosa igreja de vidro. Estamos nas vésperas do Natal, época do ano em que os cristãos comemoram o nascimento de Jesus; os mais fiéis não faltam à “Missa do Galo”, cerimônia que começa à meia-noite do dia 24 para 25. Aliás, para o padre, o Natal é coisa séria: durante novembro e dezembro, aconteceu o “Festival Natal Sustentável”, na praça ao lado da paróquia, com objetivo de chamar atenção para uma vida mais ecológica – as luzes usadas para o evento foram da energia solar da própria igreja e a árvore de Natal, feita de enfeites criados com materiais reaproveitados.
E, claro, o padre fez o show “Natal in Samba” – sim, ele é cantor, ama o ritmo e lançou seu primeiro álbum em 2012, o “Peço a Deus”. Diogo Nogueira, por exemplo, gravou a música que dá título ao disco, composição de Dedé da Portela; além disso, foi lançado o DVD “Padre Omar e Convidados – Samba e Fé”, com Jorge Aragão, Xande de Pilares, Grupo Molejo, Mumuzinho e Fundo de Quintal. Padre Omar é integrante da Academia Internacional de Música e fez o Curso de Música Sacra da Universidade Santa Cecília de Roma – Itália. “A música penetra na alma e eleva nossos sentimentos a um patamar divino”, diz ele.
Sabemos que a tradição de presentear as pessoas nesta época do ano deve-se aos Reis Magos, que deram lembranças ao Menino Jesus em seu nascimento. O senhor acha que essa prática faz com que os valores do Natal se confundam com os do consumo excessivo?
Os valores do Natal são valores que devem manter a nossa fé em torno da grande luz que sai do presépio. Por isso, mais do que nunca, é importante o nosso compromisso com a verdade desse acontecimento histórico, o nascimento de Jesus Cristo. Nosso calendário ocidental está, inclusive, demarcado “Antes e Depois de Cristo”. Nós vamos entrar no ano de 2018 DC, ou seja, depois deste Natal, deste grande nascimento importante para a história da humanidade.
Acredita que esse consumismo desenfreado atrapalhe o sentido real do Natal?
O consumismo hoje não é uma questão ligada tão somente ao Natal. O consumismo já entra na lógica de todo um calendário anual. A gente deveria fazer crescer, paralelamente ao consumismo, a nossa generosidade. O problema não está no consumo, mas no esquecimento que a gente tem em relação à caridade. Quando a prática do consumo traz prejuízo ao bem comum, os valores, aí sim, ele é prejudicial.
Como fazer para trazer às pessoas, principalmente os jovens, ao verdadeiro sentido religioso desta época?
O importante é focar, saber que, se existe a data do Natal, é porque existe de fato um acontecimento histórico que originou essa data. Por isso, pensar o Natal, de fato, é pensar o nascimento de Cristo, a sua encarnação no meio de nós e a certeza de que podemos encontrar uma vida melhor, mais saudável e mais santa, marcada pelos valores.
Qual a mensagem que deixa aos cariocas neste Natal?
O povo carioca, mais do que nunca, precisa ser resiliente. Nós temos um padroeiro muito forte, São Sebastião, que resistiu às flechadas, e temos a experiência do Natal, que é tão renovadora para a nossa fé. Acho que cada carioca, hoje, deve ter uma expectativa que gere superação dos momentos presentes, de insatisfação e carências. Vamos manter a esperança em Deus e, certamente, teremos um ano muito melhor.
Que mensagem manda ao prefeito?
A época de Natal deve nos fazer refletir que “a fé sem obras é morta” (Tg 2, 26). Vivemos tempos de falência das instituições públicas. No mínimo, exigimos trabalho, assiduidade e competência. Quem não tem dedicação exclusiva e know how para assumir cargo público, que não se arrisque, pois a muitos pode prejudicar. Desejo ao senhor prefeito Marcelo Crivella um bom Natal e, ao mesmo tempo, luz para conduzir, com competência, nosso município tão amado.