Onde você encontra um grande elenco, pessoas fantásticas, locais incríveis, assuntos interessantes e, quem sabe, muita comida boa e até alguns conflitos intrigantes? Acho que um bom livro é o ponto de partida!
Estes dias tive a honra de estar com a chinesa best-seller mais famosa do mundo, Jung Chang. ”Cisnes Selvagens”, seu primeiro livro, autobiográfico, que conta como foi sua experiência na Revolução Cultural (quando perdeu seu pai e a sua avó), foi traduzido em mais de quarenta idiomas e vendeu aproximadamente 15 milhōes de cópias. Em conjunto com seu marido, o historiador Jon Halliday, durante dez anos de pesquisa, escreveu ”Mao: a história desconhecida” (ed. Companhia das Letras). Provavelmente a biografia de Mao Tsé-Tung mais consistente jamais escrita.
Seu trabalho mais recente “A Imperatriz de Ferro – A concubina que criou a China Moderna” (ed. Companhia das Letras), relata a vida da imperatriz chinesa Cixi (pronuncia-se sushi) que governou a China, pela dinastia Qing, por 47 anos. Uma mulher de garra e fibra que, mesmo tendo governado, direta ou indiretamente, através dos seus filhos, tomou várias decisões modernas, como obras de infraestrutura, abertura para relações exteriores, modernização do exército, instalação de ferrovias, dentre outras. Além disso tudo, baniu uma das tradições tidas como mais bárbaras pela escritora: a de quebrar e encolher os pés das mulheres, tradição na cultura hans.
Jung Chang não se considera uma ativista, vive em Londres há muitos anos e chama a capital inglesa de casa. Curiosa, perguntei a ela qual o prato chinês que mais sentia saudade, e a resposta foi simples e sentimental: “os dumplings* preparados pela minha avó” – estou sonhando com eles desde então.
Todos os seus livros são proibidos na China. No Brasil, não. Que sorte.
*dumplings: massas, normalmente recheadas, feitas de farinha e água. Parece uma pequena empanada cozida em caldo, água ou vapor ou fritas, servidas, normalmente, em cestas típicas.