Caetano Veloso lotou a sala de palestras da nova sede da Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) em São Paulo, nesta segunda-feira (16/10). O cantor foi o centro do encontro, com o relançamento do livro “Verdade Tropical”, seguido do debate “Verdades Tropicais – Delírios Utópicos”, ao lado do produtor cultural Claudio Prado, mediado por Antônia Pellegrino e Thalma de Freitas. O bate-papo foi transmitido ao vivo no canal da Mídia pelo Facebook e, entre os assuntos, a censura, como exemplo, a performance em que o artista Wagner Schwartz sem roupas, interage com os espectadores, incluindo uma criança entre 4 e 6 anos de idade, se tornando o ‘assunto do momento’.
“Depois disso, muita gente inocente pode estar desconfiada dos artistas, o que é uma coisa velha nessa sociedade atrasada. Quando eu era criança em Santo Amaro, os artistas mereciam pouca confiança moral, o que continua acontecendo”, disse Caetano. “Não há evidencia de pedofilia naquela performance. Isso é uma manipulação da direita conservadora para fazer parecer que é um crime, para assustar o cidadão comum. Tem um grupo que está ganhando dinheiro de gente que quer manter a desigualdade da qual a economia brasileira tem dependido desde que o mundo é mundo”, continuou o compositor.
Em meia hora de conversa, Caetano interrompeu o evento para se despedir da plateia, que ficou desolada com sua partida. “Tenho que ir para o Rio. Vou fazer show com os meus filhos amanhã”, explicou, mas antes, fez questão de pontuar sua participação com uma frase muito ‘caetanesca’: “Resumindo nossa verdade tropical, eu apenas quero dizer que o que vem acontecendo comigo e pode acontecer com muita gente é que eu enfrentei a desilusão do socialismo real e agora precisamos enfrentar a desilusão do liberalismo real”.