A fragilidade
Normalmente, tomamos um imenso cuidado com nossos objetos de valor, como peças queridas que nos trazem recordações. sejam elas roupas, vasos de plantas ou nossos animais domésticos.
O que acontece com nossas relações? Com nossos entes queridos?
Encaramo-los como algo definitivo; como se fosse possível uma jura de amor, ou um compromisso diante de um juiz, ou de um altar, ser eterno ou mesmo durar por toda uma vida porque assim o planejamos.
Não apenas descuidamos como, na maioria das vezes, os transformamos em alvo predileto para as descargas emocionais advindas de nossas frustrações pessoais.
Atuamos como se o outro tivesse responsabilidade ou obrigação de nos dar vida ou de nos fazer feliz.
Normalmente sabemos de tudo intelectualmente, mas a ação é inteiramente oposta e irracional.
Se encararmos uma relação com a verdadeira fragilidade oculta atrás dos discursos, saberemos alimentá-la constantemente através de nossos atos e com o cuidado necessário em nossas palavras, normalmente desferidas como punhais mutiladores.
Não nos damos conta de que a palavra é uma arma de enorme poder. Pode construir e destruir com a mesma facilidade; dá a vida e a morte…
Quase sempre a relação está desfeita muito antes de percebermos. A surpresa da constatação, quando já é tarde demais, produz um enorme choque, trazendo cobranças, amarguras e ressentimentos, levando à doenças e muitas vezes à morte.
O pior é que projetamos nossas frustrações numa nova relação (abortada prematuramente sem percebermos) na ilusão de que “esse, sim, é diferente!”
O que poderia evitar esse desfecho seria a nossa mudança de comportamento, em vez de exigirmos a do outro.
É comum ouvirmos:
“Estou desiludida (o): os homens (mulheres) não prestam!”
“São todos (as) iguais!”
“O amor faz sofrer!”
“Tenho medo de me entregar!”
“Não confio…”
Como se fosse possível viver e ser feliz sem amar…!
Estamos em tempo integral de nossas vidas buscando o amor como se busca o sol, ou seja, a fonte da vida.
Esquecemos que encontrar esse amor dentro de si próprio é o que torna possível o “compartilhar”.
Impossível dar o que não temos.