Desde que nascemos, recebemos maciçamente informações diretas ou indiretas de que somos pequenos, menores, imperfeitos, pecadores! Somos permanentemente manipulados pelo poder, para que ele possa subsistir através da culpa de não correspondermos ao que seria esperado de nós.
Em casa a mensagem é:
– Por que você não é igual a mim (ao seu irmão, ao filho da vizinha, ao fulano)?
– Você é frágil, precisa de mim para protegê-lo.
– Contente-se com o que tem; já é mais do que merece.
– Me sacrifiquei a vida inteira por você…
Na religião:
– Você pecou!
– Você tem que ser melhor do que é.
– Cristo morreu na cruz para te salvar.
– Arrependa-se dos seus desejos!
Do estado:
– Você não pagou os impostos como devia.
– Aí estão os pobres passando fome.
– Rico é ladrão e empresário é explorador.
– Divida com os outros o que ganhou.
– Cuidado com a fiscalização.
Social/Cultural:
– Somos subdesenvolvidos.
– Pertencemos ao terceiro mundo.
– Tudo que é estrangeiro é melhor.
– Lá, sim, eles sabem o que fazem!
– Produto nacional é uma merda!
Somos permanentemente bombardeados com milhares de informações que querem nos dizer a mesma coisa: você é menos!
Dessa forma, passamos a vida inteira nos escondendo dos outros, com medo de que descubram que não somos o que pensam que somos: muito inferiores ao “outro”! O que não imaginamos é que o “outro” está sentindo e fazendo a mesma coisa, ou seja, tentando manter-nos “embaixo” para que possam sentir-se “em cima”.
Vítimas do “sistema”, relacionamo-nos através das máscaras, sempre representando para o “outro”, fossilizados em nossa inferioridade.
Culpa de sermos o que somos… E incrivelmente iguais!