Difícil saber quem, no Rio, não toma sucos naturais prensados a frio, anda nas melhores vitrines especializadas. Dizer que “virou febre” essa expressão tão vencida pega até mal, mas é isso mesmo. A fundadora da Greenpeople e pioneira na fabricação é a terapeuta de saúde Bianca Laufer, que, na próxima terça-feira (data tal), vai ter a consagração do seu negócio, montado há pouco mais de um ano ao lado do empresário George Braile e que recentemente ganhou duas novas sócias, as irmãs Lucília e Teresa Gouvêa Vieira. É quando os sócios abrem o primeiro ponto de venda próprio – um quiosque no Shopping Leblon (o que combina com o estilo dos cariocas), que vai se juntar a 120 outros endereços onde as garrafinhas coloridas ocupam prateleiras. Tudo começou na cozinha de casa, com a ajuda dos próprios funcionários de Bianca, até a empresa se profissionalizar, uma vitória pessoal para quem chegou a sofrer de anorexia na adolescência e virou uma viciada em alimentação saudável.
De onde surgiu a ideia de criar a Greenpeople?
“A Greenpeople começou em 2013, quando uma amiga me mostrou em Maui, no Havaí, os sucos prensados a frio. Tinha tido dois filhos, queria voltar a trabalhar, mas em algo diferente do que fazia no mercado financeiro de Nova York, atuando no JP Morgan com derivativos estruturados. Decidi que faria algo que tivesse mais a ver com a minha história e impactasse a vida das pessoas por meio da alimentação. Fiz então um curso de um ano nos Estados Unidos sobre todos os tipos de dietas e alimentação saudáveis e, depois de várias viagens e muita pesquisa, comecei a desenvolver a marca junto com o George. Uma empresa de sucos prensados a frio “tropicalizada”, já que também utilizamos a abundância de frutas, verdes e superalimentos que temos no Brasil.”.
Quais foram as maiores dificuldades no início?
“O mais difícil foi sair do sonho para a prática. Fábrica, todas as licenças, fazer sucos não só saudáveis e nutritivos, mas também gostosos de verdade. Sem o George, a Lulu e a Tetê, esse sonho não teria se tornado concreto. Eles abraçaram o conceito da horta para mesa, e fomos construindo juntos. O bacana é que começamos muito pequenos, com divulgação boca a boca, e entregando em casa de amigos. Chegamos a fazer vários testes na minha própria cozinha, com interferência de filhos, marido e dos meus funcionários. Aos poucos, o negócio se profissionalizou, apesar de o esquema artesanal continuar o mesmo: o verde que é colhido em nossa horta, em Teresópolis, de madrugada desce a serra de manhã, é prensado e, no fim da tarde, já está na prateleira do ponto de venda. A empresa cresceu, mas até hoje vivemos a loucura da logística, agora em grande escala.”
Que benefícios reais os sucos trazem e como você tira proveito disso para a sua própria alimentação?
“Acho que o benefício mais visível é para pessoas que não comem quantidade suficiente de verduras e frutas. Meu marido, por exemplo, que não é muito chegado a saladas, viu sua imunidade mudar radicalmente depois que começou a tomar nossos sucos. Nunca mais ficou resfriado, e até sua pele mudou de textura. Muito do mérito é das verduras de folhas escuras, cujas propriedades são comprovadas cientificamente como muito importantes para o sistema imunológico. A educação alimentar é fundamental para saúde, e a troca de um alimento vazio por outro rico em nutrientes é uma escolha fácil. É uma evolução natural se alimentar melhor e fazer disso parte do dia a dia. Se você pensar bem, nossos corpos são naves que viajamos através do tempo e espaço, e elas podem durar mais de cem anos. Como só temos uma, deveríamos utilizar o melhor combustível possível, não acha?”