Quem, no meio da moda carioca, não conhece Layana Thomaz? Todo mundo. A estilista, que sempre participava do Fashion Rio e atualmente mora em Brasília, está vivendo um drama: uma insuficiência cardíaca, agravada por ela já ter nascido com má-formação numa das válvulas do coração, ter feito transplante e, agora, uma bactéria que atrapalha a passagem do sangue para o coração. Como os planos de saúde não cobrem esse tratamento, a mãe de Layana, Teresa Thomaz, fez um apelo pelo Facebook. A certa altura diz: “Hoje, 12 anos depois da terceira cirurgia, que deu um novo coração à minha filha Layana, ela apresenta uma insuficiência cardíaca grave. Esta mulher vem sendo colocada à frente de uma batalha essencial árdua desde bebê. Ela é um exemplo ímpar de força e coragem. Uma vencedora sem igual. Para eliminar a hipótese de uma quarta cirurgia nos próximos anos, é preciso que ela faça um cuidadoso tratamento, que já foi iniciado, graças à ajuda de queridos amigos e da família e que precisa ter continuidade e ser finalizado o quanto antes. Todas as medidas jurídicas já foram acionadas, na tentativa de que o tratamento seja feito pelo SUS, ou pago pelo Ministério da Saúde, ou mesmo pelo plano. Por enquanto não tivemos nenhum resultado positivo. Todos os detalhes para o tratamento que minha filha precisa fazer ficou orçado em R$160 mil”. Layana continua trabalhando, dentro das possibilidades, e está à frente do projeto ALOJA, moda itinerante que percorre o país.
Muita gente ficou emocionada com a mensagem da mãe da estilista. Que bacana, mas ela precisa de dinheiro também. Se você pode ajudar, faça isso. A conta para doações é:
Banco do Brasil
ag.2887-8
c/c 20994-5
CPF 074991807-19
Titular da conta: Layana Thomaz Nunes
Como é a sua rotina de vida, Layana? Até que ponto você consegue manter um dia a dia normal, com essa bactéria?
“Estou tentando manter minha rotina de vida o mais normal possível. Sabe que coração não dói, né?! Apesar do cansaço extremo e da falta de ar que sinto, fazendo coisas muito simples, como tomar um banho ou subir um lance de escada, estou trabalhando, lanço coleção no início de agosto, saio com amigos, cuido da minha casa e me estresso muito com toda essa loucura da questão da dificuldade que estou tendo com o sistema de saúde ou o meu plano, para que paguem, pelo menos, uma parte do meu tratamento. Só recebo respostas negativas.
O que me parece mais importante é que continuo fazendo muitos planos para o futuro. Estou positiva e confiante. Quero que a minha vida continue e quero que dê tudo muito certo. Tenho feito de tudo para me manter calma e com a cabeça nas coisas práticas, apesar de todas as dificuldades que aparecem o tempo inteiro”.
Você tem prazo para iniciar esse tratamento que pode evitar mais uma cirurgia?
“Eu já iniciei o tratamento, mesmo sem o dinheiro e sem as positivas das ações jurídicas em que estou envolvida para o tratamento. Eu precisava começar. Como vou fazer para pagar tudo, eu ainda não sei, mas sei que vou conseguir. O que complica minha situação é que o tratamento não é só um tratamento do coração.
Estou fazendo um tratamento dentário. É bem possível que as bactérias tenham descido pela minha corrente sanguínea, de um problema simples em um dos meus dentes. Bactérias do pescoço para cima (boca, garganta, ouvido, vias aéreas são muito perigosas para o coração). Pode ser também que meu problema seja uma decorrência do tempo da minha última cirurgia, que já faz 12 anos.
Estou tratando também minha parte hormonal. É um tratamento complexo justamente porque, para tratar o coração, eu preciso tratar de diversas coisas ao mesmo tempo. É justamente essa diversidade de tratamentos que complica minha tentativa de conseguir meu tratamento pelo sistema de saúde ou acionando o plano de saúde. Juridicamente são várias ações, cada uma para um tipo de tratamento.Se eu estivesse pronta para uma cirurgia, talvez seria muito menos problemático. Seria um problema só e assim mais fácil da burocracia compreender. O ideal é que tudo seja feito o mais rápido possível, mas estou fazendo no tempo que a vida está me dando e nas condições que tenho.”
Em que você se apoia para não se deixar abater? Está tendo algum acompanhamento psicológico?
“Sim, tenho acompanhamento psiquiátrico. Tenho a ajuda da família e dos amigos. Esse movimento feito pelas redes sociais é muito emocionante e acalentador. Tenho recebido muitas mensagens de apoio de todos os tipos. É um momento duro e difícil, mas eu juro que estou encarando com toda a coragem e força que tenho dentro de mim mesma”.
Você está lançando uma nova coleção no início de agosto. Ela surgiu através de financiamento coletivo, como outras que já criou? Você consegue viver só da moda?
“Lanço coleção em agosto, e, nesse sábado (18/07), programei um evento de queima de estoque. Estou mesmo na ativa. Não posso parar. Eu vivo só de moda, por incrível que pareça e, até pouco tempo antes de receber meu diagnóstico, estava em um momento relativamente confortável financeiramente. Só fiz o crowdfunding para a primeira edição do Projeto ALOJA; o resto foi feito com meu próprio trabalho”.
Você declarou, um tempo atrás, que “as pessoas não têm necessidade de comprar roupas o tempo inteiro.” Como procura manter isso em prática no seu trabalho? Sua moda é mais atemporal?
“Meu projeto é baseado nesse meu pensamento e na minha própria atitude. Não sou uma consumidora voraz e não acho que isso seja necessário e saudável para ninguém. Eu vivo de vender roupas, mas me organizo para fazer o meu projeto acontecer poucas vezes por ano e sempre em lugares diferentes. Meu projeto é itinerante. Não estou sempre no mesmo lugar, não tenho sempre os mesmos clientes. Assim eu consigo espalhar a minha arte sem gerar um consumismo exacerbado vindo do meu trabalho. E, sim, minha roupa é atemporal e com coleções pequenas e poucas peças. Resolvi investir na qualidade e na exclusividade, sem preços absurdos. Lanço minhas coleções durante as estações e não 1 ano, 6 meses antes de a estação começar. Lanço em agosto uma coleção de inverno já que estamos no inverno, e a necessidade das pessoas é de procurar roupas de inverno. É assim que faz sentido pra mim”.
Muita gente tem medo da morte?
“Eu nasci com a morte sussurrando no meu ouvido. Já fiz três cirurgias cardíacas e já pensei e senti muitas vezes que iria morrer naquele minuto. Em todos esses momentos, senti muita paz. Tenho medo de perder as pessoas que amo. Já perdi muitas pessoas importantes pra mim e sei o quanto dói e o quanto essas pessoas me fazem falta. Tenho medo da dor que minha família vai sentir com a minha morte. Hoje em dia, não posso negar, apesar da minha fé e da minha força, que tenho muito mais medo da vida do que da morte…”.