Depois de mandar uma cópia do filme “Chatô, o Rei do Brasil”, na sexta (15/5), para o Ministério Público, provando que o filme já está concluído – começou a ser filmado em 1999 – o diretor Guilherme Fontes recebeu a notícia, nessa quinta-feira (21/05), de que o STJ arquivou a ação de improbidade administrativa que havia contra ele desde 2010. A ação dizia que a empresa de Fontes recebera R$ 51 milhões em isenção fiscal por patrocinadores, mas que as contas dos gastos nunca haviam sido prestadas.
Com menos um processo pendente – ainda há outro, do TCU, que o acusa de não ter finalizado o filme e pelo qual são cobrados R$ 71,2 milhões – Guilherme já respira aliviado e está confiante de colocar nas telas o filme ainda neste semestre. Pai corujíssimo de Carolina, de 10 anos, e de Carlos, de 7, do seu casamento de 13 com Patrícia Lins e Silva, o ator e produtor não se deixou abalar durante todo esse tempo – com “Boogie Oogie”, que terminou em março, ele participou de sua 23ª novela. No seu currículo há vários personagens marcantes na TV, como o Dilermando de Assis da minissérie “Desejo” (1990) de Gloria Perez, o Marcos de “Mulheres de Areia” (1993), de Ivani Ribeiro, e o vilão Alexandre Toledo em “A Viagem” (1994), também de Ivani Ribeiro, grande sucesso, já reprisada três vezes.
“Chatô” foi tão falado durante essas duas décadas, quanto seu diretor, daí a ansiedade de todos em assisti-lo.
Leia a entrevista de Guilherme Fontes:
UMA LOUCURA: “Um trem inteiro descarrilhando, depois de horas perdidas com figuração e elenco principais, por causa de um temporal que começou a inundar os trilhos em Guarapirim (interior do Rio)“.
UMA ROUBADA: “Roubada foi passar 20 anos tendo que ir a Brasília cuidar de burocracia burra e da má fé de poucos ‘maledetos’ frustrados. Mas aprendi e fiz amigos incríveis por lá”.
UMA IDEIA FIXA: “Nunca abandonar uma ideia fixa (kkkkkkkkkk). No no meu caso, não abandonar o barco do meu filme sobre o magnata das comunicações no Brasil só porque os outros resolveram me detonar”.
UM PORRE: “Do bem? Os do Baixo Leblon nos anos 80. Inesquecíveis. Amigos e lembranças maravilhosas. Do mal? Esqueci (rsrsrs)”.
UMA FRUSTRAÇÃO: “Frustração é não ser rico pra ter patrocinado meu filme em menos tempo. No mais, estou bem realizado na vida pessoal e profissional”.
UM APAGÃO: “Depois de uma guerra na Rocinha, tempos atrás, todas as luzes se apagaram e vi miras laser nas árvores do meu jardim.”
UMA SÍNDROME: “A síndrome da maioria dos políticos, que parecem ter como lema subir na vida pública roubando dinheiro público e privado”.
UM MEDO: “Que meus filhos não me contem tudo que precisarem pra saber como lidar com a vida. A internet está esfregando na cara deles todas as maluquices humanas. São cérebros muito jovens ainda para absorver o que presta ou não”.
UM DEFEITO: “Brigar com meus filhos quando quero que comam de tudo. Eu cozinho pra eles e, portanto, quero suas aprovações rápidas demais. Eles já entram dizendo ‘Ahhh!, de novo não!!’, mesmo eu variando pratos. fazem só pra me sacanear mesmo, uma espécie de liberdade de expressão deles. Amo eles…”
UM DESPRAZER: “Andar nas ruas sujas, e de conviver com a desordem arquitetônica do Brasil. Olhando as grandes cidades, a desigualdade também afronta e acirra muito os crimes. Também não gosto de gente bêbada ‘errada’, o barrão: aquele que se pendura em você, gente que fala perto demais do seu rosto. Há excesso de gente bebendo muito álcool no Brasil, uma fonte de grande parte dos crimes no país”.
UM INSUCESSO: “Nossos políticos estão um fracasso público excepcional. Muitos estão tão ricos quanto nus perante a população, com bundas e mãos sujas. Fazendo muita m… pública. Só não podem deixar rastros.. porque ‘Benfeito pode!! Não pode é malfeito!!! Existem grandes exceções, obviamente. Mas, de um modo geral, estamos mal do jeito que estamos por conta da baixíssima credibilidade e interesse publico de muitos de nossos políticos – esse clima de tensão econômica é por isso. Tensão pré Copa, agora tensão pré olímpica, e depois? Vai ser depressão pós olímpica?! Desculpe, mas estou meio ‘tensis’ com os rumos, como diria o Mussum.
UM IMPULSO: “De comer chocolate e tomar cerveja como se fossem água. Fico bêbado muito fácil e sou capaz de comer uma barra grande em segundos”.
UMA PARANOIA: “De ser paranóico”.