André Ramos vai comemorar 40 anos no sábado (11/04), numa grande festa black tie para 300 convidados na casa de sua família, na Gávea, onde mora com o marido, Bruno Chateaubriand. Os dois ficaram conhecidos pelos réveillons que fizeram, por mais de 10 anos, no apartamento do Edifício Chopin, em Copacabana, onde moravam antes.
André é um dos poucos anfitriões, no Rio, que ainda pedem traje black tie (smoking para homens, longo para mulheres). O casal deve ser quem mais pede esse traje no Brasil – até pelo número de festas que dá. Aqui ele fala sobre sua preferência pelo traje e o seu conceito do que é uma boa festa.
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Por que insistir em traje black tie no Rio? Vc não acha que o carioca também pode ficar elegante num traje mais descontraído, não é mais a cara da cidade?
“Acho que, independente do estado ou do país onde moramos, ficamos à vontade quando estamos de acordo com o traje pedido pelo convite que recebemos, seja black tie ou short. O que o Rio tem de maravilhoso é a oportunidade de se receber muito de dia, ao ar livre, com paisagens lindas; aí, sim, todos estaremos mais descontraídos. Black tie ou passeio completo não diferem em nada no que se refere a conforto. Cabe ao anfitrião ter um ar condicionado bombando, uma vez que pediu algo mais formal.
Pra mim é o fim da picada distribuir sandálias em fim de festa, as mulheres se arrumam, todas lindas, em sapatos altíssimos para depois ficar com os vestidos arrastando nas sandálias de dedo?
Estar de acordo com o desejo do anfitrião é uma forma de homenagear quem está abrindo a casa para receber amigos; é retribuir o mesmo cuidado que o dono da casa tem em querer oferecer o melhor. Acho horrível as festas relacionadas com premiação em que o convite pede black tie e a grande maioria está de traje esporte, usando tênis etc – se não quer usar smoking, que fique em casa! (rs).
Mas embora eu ame black tie, também adoro um banho de piscina e recebo amigos em torno da piscina aqui de casa”.
Qual é sua principal motivação em fazer uma festa no Rio, nesta fase da vida da cidade em que tantos parecem tão pra baixo?
“Minha motivação é única: vou fazer 40 anos, o que só se comemora uma vez na vida, seja com 10 ou 500 pessoas. Também lamento profundamente o momento que o país está enfrentando, estamos todos assustados e muito apreensivos, mas não estou de luto, tenho muitos motivos pessoais para celebrar. Uma festa gera muitos empregos diretos e indiretos, garçom, bufê, fotógrafo, cabeleireiros etc. Quem mantém um funcionário, seja em casa ou na pessoa jurídica, está dando sua contribuição para a economia da cidade. Qualquer movimento para o qual se use os serviços disponíveis contribui, ainda que de forma pequena. Mas eu adoro casa cheia, nem que seja para uma pizza no chão!”
Para uma festa dar certo é necessário uma super produção? Você já frequentou festas no subúrbio carioca?
“Acho super produção cafona e desnecessário – já vi até montarem um lago artificial com carpas dentro do Copacabana Palace. Frequento festas em qualquer endereço, da mesma forma que não escolho as pessoas que vêm à minha casa pelo endereço delas. Moramos no Rio, aos meus olhos uma cidade plural. Nunca suportei nenhum tipo de segregação, seja por idade ou por classe social – na minha casa é de A a Z, misturo tudo e todos.
Quando pequeno, fui com minha avó Lena várias vezes em comunidades da Zona Sul, tudo muito natural. Ela sempre distribuiu doces no dia de Cosme e Damião, eu ia sempre com ela, que fez amizades para o resto da vida dessa maneira. Minha avó era filha do Barão de Tapajós, mas preferia ir ao Baile da Espuma no Scala, no carnaval, do que ao Baile do Copa. No seu último aniversário, ela própria contratou um grupo de pagode da Rocinha para tocar, através de um contato com a manicure. Ela também adorava Paris, mas gostava mesmo era de rir e estar com pessoas leves. Isso eu herdei dela”.