Paulo Betti estreou, na última quinta-feira (19/03), o monólogo “Autobiografia Autorizada”, no Centro Cultural dos Correios, no Centro. O espetáculo, que fica em cartaz até 10 de maio, é baseado na vida do artista. Depois de 15 novelas, dezenas de peças e filmes, Paulo pulou da ficção para a realidade, com coragem e generosidade – é preciso uma certa valentia pra fazer isso, não é? Está tudo no palco: infância, adolescência, família, pobreza e todos os possíveis dramas de Betti (62 anos), que saiu do mundo rural, filho de uma camponesa analfabeta, mãe de 15 filhos, e pai esquizofrênico. O ator estudou no Ginásio Industrial, formou-se pela Escola de Arte Dramática da USP e foi professor na Unicamp. “A escola publica é que fez a diferença; ficava o dia todo na escola, almoçava e lanchava na escola, com critérios de nutricionista. Não tinha tempo para fazer coisa errada. Ser pobre, mas poder frequentar uma escola pública de excelência é o que faz a diferença. E amor em casa também ajuda muito”. No palco, toda a família é representada por ele, que divide a direção com Rafael Ponzi.
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titulo: As dores da infância são maiores na época ou depois, ao serem relembradas?[f]
desc: “A infância é sempre um período muito importante, que vai nos marcar para sempre; vamos carregar dores e alegrias. A memória, quanto mais acionada, mais jorra – é uma delícia e as vezes é dolorida, mas essencial. Para nos fortalecermos, temos que buscar nossas raízes. Acontecimentos recentes, erros, principalmente falar sem pensar, são os momentos que eu preferiria esquecer.”
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titulo: O patrão de seu avô italiano era um negro. Como o racismo era visto na sua família?[f]
desc: “Era uma situação muito especial um emigrante italiano trabalhando para um fazendeiro negro. Meu bairro era um quilombo, samba. Minha mãe não gostava que eu brincasse na rua – é claro que havia preconceito. Mas, ao mesmo tempo, minha mãe era devota do preto velho João de Camargo, a quem considerava um santo.”
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titulo: Qual é a sua ideia de conforto? Gastar é com você mesmo? [f]
desc: “Conforto é gostar de si mesmo, é se adaptar às circunstâncias, é não ficar o tempo todo procurando razões para o desprazer. Ter saldo no banco também é bom. Tênis velho. Roupa de algodão. Gasto bem quantias grandes e mal, quantias pequenas. Sou bom de grandes negócios e chato na miudeza.”
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