Para Maarten van Sluys, vice-presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo AF 447, o fato de Andreas Lubitz, copiloto do Airbus 320 que caiu, terça-feira (24/03), nos Alpes franceses, estar sendo apontado como único culpado inspira desconfiança. “Houve muita pressa para se conseguir uma versão crível para o acidente, de dar uma satisfação para a opinião pública. Não duvido até que o copiloto poderia estar com depressão, mas outras hipóteses não foram ainda sequer investigadas”, conta Maarten, que perdeu a irmã, a jornalista Adriana Francisca, no voo da Air France 447 Rio-Paris, em 2009.
Maarten chama atenção para a transcrição rápida dos dados de voz da caixa preta: segundo ele, uma leitura do tipo costuma levar dias, o que não foi o caso desta vez. Também não foi achada a outra caixa preta que registra os dados do avião e que poderia indicar uma falha técnica.“Essa mesma hipótese de ato suicida do piloto chegou a ser insinuada no caso do avião da Malásia, acidente que até hoje não foi explicado”, continua.
Ele cobra uma explicação mais detalhada para a afirmação de que era o copiloto que estava no comando do acidente na hora da queda. “Não poderia ser um passageiro? Um terrorista? Essa versão pode ser comprada pelos franceses, mas certamente não será pelos alemães”, afirma. Do convívio que teve com os integrantes da versão germânica da associação dos familiares das vítimas do voo AF 447 – foram 28 os alemães mortos no acidente – ele tirou a certeza de que a população do país de Angela Merkel vai exigir explicações mais criteriosas. “É, também, o prestigio da viação alemã que está em jogo”, diz.
Sluys conta ainda que, com o aumento da malha aérea no mundo inteiro, a incidência de acidentes cresceu proporcionalmente. “A média aceita atualmente é de uma tragédia aérea de grandes proporções de três em três meses”, finaliza.