O cabeleireiro Neandro Ferreira é conhecido por suas críticas ao cabelão da carioca e até ao modo de ela se vestir. Muito disso vem da sua formação em Londres, na década de 80, na Vidal Sassoon – desde os 18 anos, ele vive metade do tempo na Europa, metade no Rio. Lá, não só aprendeu a profissão, como também aprimorou seu gosto e adquiriu o hábito de viajar para observar os movimentos culturais. Neandro tem cadeira disputada em suas estadas no Rio: conversa bacana, cultura em dia e espiritualidade tinindo. Aqui ele explica melhor por que acha que a carioca devia repensar sua aparência e comportamento.
numero:1
Por que você sempre fala que a carioca usa muito cabelo e pouca roupa? Teria também algo a ver com a idade?
“Porque são machistas, querem ficar fêmeas demais, vinculadas a uma cultura machista, do macho e da fêmea. Elas exploram demasiadamente a sexualidade e feminilidade. A mulher pode ser fêmea e sexy sem ser óbvia, sem forçar a barra, naturalmente. As cariocas são muito convencionais, não ousam nas roupas – não gostam de roupas. Vejo mulheres de 60, 70 anos com comportamento de gatinhas da praia, o que as faz mais velhas, estagnadas no passado. Ao contrário do que pensam, cabelo longo pesa na fisionomia; só é adequado até 25 anos. O Rio tem dificuldade com a mudança. São ousadas para ficar nuas, mas não para usar roupas bacanas. É uma mentalidade ainda muito arcaica; tudo para agradar ao homem. E acaba que o Rio tem uma grande quantidade de homossexuais”.
Fale sobre as vantagens e desvantagens das cariocas e das inglesas.
“Para as brasileiras, os valores são diferentes dos das europeias. Elas são mais focadas na beleza externa – esquecem que a cultura é elegante e bela e que, sem cultura, não existe nem estilo. As inglesas investem mais em cultura e educação, o que as torna elegantes e sofisticadas. Já a carioca é fascinada pela beleza externa, pelo corpo – o que atrai tipos de homens diferentes. As mulheres estão se dando muito, vulgarizando-se. Gastam milhões em estética, mas não investem na cultura. Como profissional, vejo a beleza interna, consigo descobrir a beleza da pessoa. A beleza está no movimento, no jeito de andar, na maneira de falar, de se comportar”.
Mulheres que valorizam muito a beleza externa não atraem mais os homens?
“O mais culto, intelectual e civilizado se sente atraído pela beleza interna. Já o homem burro, tipo canalha, é mais atraído pelo externo, pelo excesso de sexualidade, bundas enormes e cabelos enormes“.