Paranaense de Maringá, o escritor Laurentino Gomes acaba de ganhar o seu sexto Prêmio Jabuti de Literatura e o troféu de Livro do Ano de Não-Ficção, dados pela Câmara Brasileira do Livro, pelo livro-reportagem “1889”. O escritor, que já foi editor de vários veículos de comunicação, incluindo a revista “Veja”, hoje vive só dos livros que escreve, mas continua se considerando um jornalista. Casado com Carmen, que é também sua assessora, o escritor é autor de “1808”, sobre a fuga da família real portuguesa para o Rio, eleito o Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras e que acaba de ser publicado em inglês nos Estados Unidos; e “1822”, sobre a Independência do Brasil.
Ao todo, suas obras já venderam mais de 2 milhões de exemplares no país. Graças à repercussão dos três livros, Laurentino foi eleito duas vezes pela revista “Época” como um dos 100 brasileiros mais influentes do ano. Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, tem pós-graduação em Administração na Universidade de São Paulo e é membro titular da Academia Paranaense de Letras. Leitor voraz (devora um livro por semana), no momento Laurentino está lendo “Fim”, de Fernanda Torres – e está adorando.
UMA LOUCURA: Decidir escrever, oito anos atrás, um livro sobre Dom João VI contrariando os conselhos dos amigos e editores. Todos achavam que “1808” seria um fracasso. Virou um sucesso!
UMA ROUBADA: Aceitar convite para dar palestra em eventos motivacionais de empresas em que geralmente ninguém está interessado em ouvir sobre História do Brasil.
UMA IDEIA FIXA: Escrever de forma simples e atraente, de modo a servir de abridor de portas para leitores que gostariam e precisam saber mais sobre a História do Brasil.
UM PORRE: Só nos tempos já longínquos da juventude. Hoje bebo pouco e, de preferência, um bom vinho tinto na companhia de Carmen.
UMA FRUSTRAÇÃO: Ter vivido já mais de meio século sem jamais ver realizado o Brasil dos meus sonhos de juventude, um país mais justo, menos corrupto, mais democrático e eficiente.
UM APAGÃO: Meu maior pavor é ver aquele amigo de vinte anos atrás entrar em uma fila de autógrafos – e simplesmente não lembrar o nome dele. É de suar frio.
UMA SÍNDROME: Tenho os pés quentes demais. Por isso, mesmo nas noites mais geladas, durmo com o pés fora das cobertas.
UM MEDO: Perder o encanto pela vida e pelas pessoas, envelhecer sem alegria, deixar de se maravilhar diante das crianças, dos animais e da natureza. Isso nunca!
UM DEFEITO: Tenho uma certa dificuldade de dizer não. Por isso tenho em Carmen meu escudo e meu refúgio. Eu aceito qualquer convite. Ela se encarrega de dizer que nem sempre é possível.
UM DESPRAZER: Encontrar gente chata e oportunista, daquele tipo que cola em você, tem opinião formada sobre tudo e sobre todos e não nenhum interesse em ouvir suas ideias.
UM INSUCESSO: Certa vez tentei fazer uma reportagem sobre o vaqueiro Ceará, o homem que descobriu o garimpo de Serra Pelada. Quando cheguei lá, ele tinha morrido fazia um mês, na mais completa pobreza.
UM IMPULSO: Matar o meu cachorro toda vez que chove e ele foge enlameado para a casa do vizinho. Logo volta com o semblante mais carente do mundo – e continuamos os amigos de sempre.
UMA PARANOIA: Quando era criança, tinha medo do escuro e olhava embaixo da cama antes de dormir. Hoje sei que, se monstros houver, estão todos dentro de mim.