As pessoas dessa nova seção, “Meu momento Gente e Meu momento Gentalha”, são personagens nacionais que contam uma virtude e um pecado, e não precisam de apresentação, como Aguinaldo Silva. O autor está estreando “Império“, nova novela das 9, da Globo.
No trato pessoal, ele é sereno, gentil, abraço macio – nem parece muito aquele homem que lemos, de língua afiada e de autenticidade (às vezes ácida). Todo mundo sabe que, neste mundo de carão, todos pagam caro por falar o que pensam (os poucos que fazem isso). A sinceridade anda praticamente desaparecida, mas não para Aguinaldo Silva.
GENTE
“Momento gente? Não resisto a um pedido de ajuda de alguém que quer estudar. Já paguei vários cursos para pessoas necessitadas, e me orgulho de ter formado pelo menos três filhos de minhas empregadas, com universidade particular e tudo. Até uma aluna carente da filial do Balé Bolshoi em Santa Catarina eu já financiei por três anos. Acho que isso tem a ver com o fato de que minha família era muito pobre, e meus pais tiveram que fazer muitos sacrifícios para que eu estudasse nos melhores colégios no Recife. Acredito em pessoas que querem vencer pelo mérito, e procuro ajudá-las, mas não faço o menor alarde quanto a isso”.
GENTALHA
“Meu momento gentalha foi quando cometi uma gafe horrorosa nos meus primeiros anos de Rio e, sempre que me lembro dela, morro de vergonha. Já com dois livros publicados, certa vez fui convidado para jantar na casa da escritora Dinah Silveira de Queiroz. Na sala de visitas, vi na parede um quadro maravilhoso igual aos do pintor cearense Antônio Bandeira, que estava muito em voga na época, e pintava umas telas à la Jackson Pollock. Louco para demonstrar conhecimento, perguntei à dona da casa se aquele era um quadro do Antônio Bandeira. E ela me respondeu: “Não, é um mapa do metrô de Paris“. Ai, que vergonha!”