Vejo muitos homens e mulheres divididos entre o amor pelo companheiro e a paixão por um terceiro.
Nas mentes mais radicais, esse tipo de divisão não é aceito, mas, na realidade, é muito mais comum do que pensamos, já que a paixão nada mais é que uma explosão de química que dura muito pouco tempo, principalmente se for vivida.
Na sociedade monogâmica que criamos, esse tipo de “acidente” não é permitido; é encarado pelo outro como uma traição, uma ofensa ou rejeição irreparável.
É o sentimento de posse unicamente cultural que impede sua concretização.
Esse sentimento é o gerador de outra emoção violenta e distorcida, causadora de desentendimentos, injustiças, separações e, às vezes, até a morte: o ciúme, que nada mais é que a incerteza da posse.
Por outro lado, é impossível anos e anos de convivência com todas as dificuldades naturais de uma vida compartilhada, sem que haja, por um momento sequer, uma atração idealizada por um terceiro. Platônica ou não!
Não existe um “casamento” tendo como base a posse.
Como possuir o outro ser? Como possuir seu coração, sentimentos, pensamentos? O que adianta possuir um corpo “vazio” ao nosso lado?
Não quero possuir um morto ao meu lado, que coloco na posição que quero e onde quero!
Desejo, e preciso, de um ser “vivo”, e não um prisioneiro que me aprisione também, me transformando em carcereiro!
Não apenas vivi pessoalmente esse tipo de situação, como tenho visto homens e mulheres desfrutando de uma relação de amor profundo e altamente gratificante, que tiveram a sabedoria de passar por esses momentos sem transformá-los em uma tragédia irreversível.
O que é mais importante: o orgulho ou a felicidade? A posse ou o amor?
Amor é liberdade e não resiste à prisão!