Foi num dia exatamente ensolarado como Hélio Oiticica imaginou, que os irmãos Andreas e Thomas Valentim concretizaram, esse domingo (04/05) o projeto artístico dos três, criado há 40 anos. O píer de Ipanema não existe mais, mas foi no mesmo ponto da praia de Ipanema, em frente à Farme de Amoedo, onde antes se reuniam a intelectualidade e artistas, que o balão vermelho concebido por Hélio foi inflado e subiu à altura de 15 metros.
O agitador cultural Jorge Salomão entrou, então, em ação, vestindo uma roupa idealizada também por Oiticica. Ele usava uma sunga prateada e uma camiseta de malha com as palavras “Eu sou”, na frente, e “Hélio Oiticica”, atrás. Por cima da camiseta, uma espécie de cinto-colete branco, com pequenas caixas de som embutidas. Delas, saía uma gravação com o texto: “Eu não penso eu não ligo eu fascino”, também da autoria de Hélio, extraído de uma obra de Nietzsche.
Jorge fez vários gestos em direção ao balão e à platéia, gritou, ergueu os braços e rodopiou. O público, a princípio tímido, começou a se envolver no clima. Afinal, as performances não são mais tão frequentes como eram na década de 70. Estiveram nas areias ipanemenses Silviano Santiago, Carlos Vergara, Neville d’Almeida e Cesar Oiticica Filho, cineasta e sobrinho de Hélio. Sábado, o balão volta aos céus no Centro Cultural Correios, com abertura de uma mostra sobre o projeto.