“Em plena ditadura, eu, que fui preso e torturado pelas minhas opiniões e práticas de oposição, vejo nesta rua de Ipanema a cena contraditória de uma manchete de jornal, falando da posse do general Geisel, nas mãos de um homem do povo e, na bandeirola do taxímetro, escrito LIVRE. De acréscimo, a bucólica cena das árvores da Rua Nascimento Silva, refletidas no para brisas”. A contradição entre forma e conteúdo foi captada pelo fotógrafo e professor da PUC-Rio Paulo Rubens da Fonseca, autor da foto acima, parte da exposição “Reflexos”, com ensaio iniciado há 40 anos.
A partir daí, reflexos e suas informações sobrepostas passaram a inspirar o fotógrafo, que buscou diferentes imagens em para-brisas, painéis, vitrines, janelas e outras plataformas espelhadas em 11 cidades. A exposição e o livro vão ser lançados nesta quinta-feira (13/03), às 19h, no Centro Cultura da Justiça Federal. E assim, do avesso, vem uma nova maneira de ver o Brasil no pós-Golpe.