Não era bem assim que os brasileiros gostariam de ver o País citado na imprensa estrangeira, mas, com tantas mazelas e problemas no dia a dia, não dá pra imaginar que o maior evento do futebol mundial teria repercussão 100% positiva. Dois importantes veículos da mídia destacaram, em seus noticiários, o “lado B”, digamos assim, da Copa do Mundo, relatando dramas sociais como a violência e a prostituição.
Nesta quinta-feira (06/02), a rede árabe Al-Jazeera divulgou uma longa reportagem sobre a exploração sexual de menores em Fortaleza, uma das cidades-sede da Copa. Disse que é a capital com maior número de denúncias sobre esse tipo de crime (aumento de 900% em três anos), o que levou o Governo do Ceará a adotar políticas especiais para, se não impedir, pelo menos tentar reduzir o aliciamento de crianças durante a Copa. Por exemplo, as autoridades estaduais vão dobrar o número de assistentes sociais nas ruas e, ainda, aumentar a oferta de abrigos para os menores.
Organizações não-governamentais também estão envolvidas no mutirão, mas a Al-Jazeera ressaltou como é difícil inibir a exploração de crianças que vivem uma realidade tão pobre, numa cidade com belas praias e apelo turístico o ano inteiro. Turismo, aliás, com forte teor sexual; meninas de 12 anos contaram à rede árabe que fazem programas por R$ 30. Muitas já são mães e não veem outra maneira de sustentar seus filhos.
Na quarta-feira (05/02), foi a vez de um dos programas de TV mais vistos na França comentar, com preocupação, a Copa do Mundo no Brasil. O “Le Grand Journal”, do Canal +, noticiou o arrastão promovido por 30 assaltantes no Hospital Norte D´Or (em Cascadura, zona norte do Rio), no início da semana, quando médicos, funcionários, familiares de pacientes e até internados foram vítimas. “Nem os doentes têm segurança. Atenção durante a Copa”, disse o jornal, lembrando o assalto ao estacionamento de um outro hospital particular, em janeiro. Para nós, foram dois gols contra de uma só vez.