Uma das maiores tragédias na história do País completa 1 ano este mês (no dia 27) e permanece como um caso longe de ser encerrado – judicialmente, os responsáveis aguardam ser levados ao tribunal; para os parentes das vítimas, a dor e a saudade ficam para sempre. O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), matou 242 jovens e deve ser lembrado também como um símbolo da negligência e um alerta permanente para todos os brasileiros.
Nos dias e semanas que se seguiram, presenciamos mutirões em todas as regiões brasileiras. De bares e botecos a casas noturnas de grande porte, de lojas a cinemas e teatros, as autoridades mobilizaram-se para interditar os locais que não cumpriam as normas de segurança ou sequer tinham alvará de funcionamento. Meses depois, já não se comentava mais a questão, como se o problema tivesse deixado de existir.
Aqui no Rio, equipes do Corpo de Bombeiros e do Procon estão retomando as fiscalizações em endereços dedicados ao ramo do entretenimento – já não era sem tempo, uma vez que o movimento aumenta no verão e, em especial, com as férias de janeiro. Nessa quarta-feira (08/01), no primeiro dia da chamada Operação Herói de Fogo, sete cinemas e uma boate foram autuados e multados. O que chama a atenção nem é o número de locais com irregularidades (alguns até muito conceituados), mas, sim, o fato de estas ainda ocorrerem.
Além dessas punições, dois cinemas também acabaram interditados: Espaço Itaú, na Praia de Botafogo, e Cine Sesc, no Rio Shopping (Jacarepaguá), ambos porque não havia placa luminosa sinalizando a saída de emergência. E um caso mais grave, o da boate Rittmo da Lapa: além de não ter alvará, o prédio estava em péssimas condições, com andaimes, fios pendurados, entulhos obstruindo a passagem dos clientes, falta de equipamento e sinalização de segurança e saídas de emergência que levavam a um galpão. Foi fechada por tempo indeterminado.
No Sul, os principais responsáveis pelo horror na Kiss estão em liberdade provisória desde maio: dois sócios da boate e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira serão julgados por homicídio. Mais do que justiça, o que se espera é que mais nenhuma mãe, pai, avó, avô, irmão, irmã, filho ou filha sintam o peso insuportável de uma perda que poderia ser evitada. Que cada um faça a sua parte, inclusive nós – observando atentamente a segurança do ambiente e, se for o caso, não ter dúvida alguma em denunciar.