Quietinho, sem fazer alarde, como quem vai comendo pelas beiradas, o Uruguai dá indícios de que pode se transformar no Eldorado sul-americano. Os argentinos parecem já ter descoberto isso; desanimados com os rumos da economia em seu país, eles vêm cada vez mais buscando abrigo no vizinho. Em apenas um ano, quadruplicou o número de “hermanos” que conseguiram, junto ao Departamento de Migrações uruguaio, permissão para fixar residência no país. Oficialmente, foram mais de 1.600 pessoas, e analistas dizem que esse número deve aumentar bastante, porque ainda há muitos processos em análise. O levantamento, claro, nem considera os clandestinos.
O Brasil também está exportando mais moradores para o Uruguai: aumento de 100% entre 2012 e 2013, com média de quase duas concessões diárias de autorizações para residência fixa. Pode parecer pouco, mas é um movimento que vem se multiplicando de forma consistente nos últimos anos. Muita gente já percebeu que o simpático Uruguai tem muito mais a oferecer do que a fama e a beleza de Punta del Este. O país não é rico, mas o analfabetismo é zero; quase não tem indústrias, e nem precisa: o orgulho nacional vem da agropecuária e seus pastos a perder de vista.
À frente do governo está um presidente mundialmente carismático; José Mujica já foi indicado ao Nobel da Paz, só anda de Fusca e distribui seu salário entre os necessitados (para não entrar na discussão sobre a liberação da maconha e a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo). No Uruguai, aliás, os residentes estrangeiros têm os mesmos direitos dos nativos. “A vida é tranquila e confortável, a comida é maravilhosa, o vinho é de beber de joelhos – ainda mais se for um Tannat -, a temperatura é uma delícia, ouve-se ótima música (o tango) e o povo é muito camarada”, lembra um amigo, que percorreu o país recentemente, e completa: “Nem dá pra sentir raiva pela Copa de 50”.