Uma reportagem distribuída nesta terça-feira (21/01) pela agência de notícias Reuters chama a atenção para o aumento da violência no Rio e alerta para as ameaças à política de pacificação das favelas, justamente quando a cidade se prepara para receber um dos eventos mais importantes de sua história, a Copa do Mundo. O texto menciona “tiroteios diários” no Pavão-Pavãozinho e no Cantagalo e, para melhor situar o leitor estrangeiro, explica a localização dessas comunidades, no coração da Zona Sul carioca, entre os bairros de Ipanema e Copacabana.
Não é a manchete que os cariocas gostariam de ver na imprensa internacional, ainda que o sentimento expresso na reportagem já viesse ecoando nas redes sociais nas últimas semanas. O repórter Paulo Prada entrevistou moradores, que conhecem como ninguém o dia a dia nas favelas pacificadas, assim como estudiosos e autoridades. Segundo a reportagem, existe o medo de uma retomada da guerra entre o tráfico de drogas e a polícia.
“Nós realmente achávamos que as coisas haviam melhorado”, diz a presidente da associação dos moradores do Pavão-Pavãozinho, Alzira Amaral, ao correspondente da Reuters, acrescentando: “Agora, não sabemos o que pensar”. A reportagem também cita o outro lado da moeda, a corrupção policial nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), exemplificada pelo sequestro, tortura e assassinato do ajudante de pedreiro Amarildo, na Rocinha.
“Os criminosos acreditam que é hora de contra-atacar”, analisa a antropóloga Alba Zaluar, entrevistada pela Reuters. O subcomandante da UPP nas duas comunidades, tenente Fábio Azevedo, respondeu: “Eles estão tentando voltar, mas nós não vamos deixar”. Uma amiga deste ‘saite’, moradora da região, comentou a reportagem da Reuters: “A trégua é frágil e, agora, percebemos que não serve nem pra inglês ver. O jeito é entregar nas mãos de Deus… e, então, veremos se Ele é mesmo brasileiro”.