As homenagens a Iemanjá começam cedo, uma semana antes do Réveillon. E são a primeira onda no mar de sotaques baianos que tomam conta do Rio nesta época. A cidade de fortes referências católicas, que tem o Cristo como seu símbolo mais conhecido, rende-se a termos do candomblé e da umbanda. Orixás? Todo mundo – cariocas ou turistas – vira mestre no assunto. E se a ordem é atrair boas energias, os cheirinhos e sabores da Bahia também inundam o Ano Novo.
Presunto, frutos do mar, lentilhas, rabanadas… eles seguem firmes no cardápio. Mas é cada vez maior o número de pessoas à procura de comidinhas com significado místico. A chef Denise Capela que o diga; ela está preparando uma grande festa de Réveillon para uma família judia paulistana, do ramo das artes plásticas, que veio receber 2014 num apartamento na Atlântica. Na mesa, só vão entrar alimentos inspirados nos orixás: abará, vatapá, caruru, cocada mole, quitandê, quindins e muito mais, tudo considerado energético.
Para o novo ano cheirar bem, também vale adaptar o ritual da lavagem da escadaria do Bonfim. Na Delfim Moreira, um funcionário do Hotel Marina foi visto borrifando a entrada do prédio e a calçada com alfazema, tal como na Bahia. “É ruim?“, perguntou o funcionário. Não, todo mundo que passava por ali aprovou. Alguém comentou que era um banho de cheiro para “levantar” a cidade. Axé!