“Elis, A musical” – atenção para o artigo no feminino – causou expectativa no Rio durante meses. Primeiro, pelo exaustivo processo de seleção para os 18 papéis e, depois, pela definição de quem teria a difícil tarefa de viver Elis Regina nos palcos. Agora que o elenco já foi revelado e a tensão, enfim, passou, a baiana Laila Garin conta, a este ‘saite’, como está sentindo a responsabilidade de interpretar a protagonista.
As respostas de Laila à colunista Claudia Chaves, crítica de teatro, revelam que a ficha dela parece ainda não ter caído. E é bastante compreensível – afinal, ela foi escolhida entre 200 candidatas. “Cantar com alma” e “Cantar com alma” – respostas idênticas ao ser indagada sobre qual o traço de Elis que ela tinha mais orgulho e, também, o que acreditava ser o mais difícil de compor.
Claudia Chaves entrevistou, ainda, Patricia Andrade, que vai assinar o texto do musical ao lado de Nelson Motta. Depois de redigir os roteiros dos filmes “Gonzaga – de pai pra filho” e “2 filhos de Francisco”, Patricia precisa traduzir toda a polêmica e a intensidade que marcaram a vida da cantora.
“Toda biografia exige a mesma dedicação, a mesma responsabilidade e uma trabalheira insana. E para que se transforme num filme, numa série ou numa peça, precisa ter uma só coisa: conflito. No caso de ‘2 Filhos..’, uma história tão brasileira quanto universal, o drama estava ali, na cara do gol, e me fisgou pela emoção. Eu não gostava da música, mas me apaixonei pela saga daquela família. Já em ‘Gonzaga…’, fomos (Patricia e Breno Silveira) atrás da difícil relação entre pai e filho. Não fosse esta, não teríamos filme. É claro que tudo tem que ser tratado com delicadeza. A intenção não é destruir o mito, mas humanizá-lo”, diz.
“Com Elis, é a mesma coisa. Estou fazendo, ao mesmo tempo, o musical e um filme sobre ela. O musical é mais lúdico, mais alegre, enquanto o filme (direção do Hugo Prata) é mais denso e mostra uma mulher mais profunda, às voltas com questões mais delicadas. Elis era essencialmente polêmica e eu acho que o bom trabalho nas biografias consiste em desvendar o personagem, abrindo mão de todo e qualquer julgamento”, completa Patricia, que vai ver o resultado em cena em 8 de novembro, quando “Elis, A musical” estreia no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, com direção de Dennis Carvalho.