O brasileiro vem se mobilizando nas ruas de todo o País, por mais respeito e dignidade – que, poucos lembram, não existem nem na hora da morte. Denúncias recebidas – e conferidas – por esta coluna revelam fatos absurdos no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Problemas como lixo aos montes, nuvens de mosquitos e mato crescendo entre as sepulturas são velhos conhecidos e parecem não mudar nunca. Agora, o pior: a visível escassez de funcionários e o plano-inclinado enguiçado causam grande constrangimento àqueles que comparecem a velórios.
Enterros atrasam porque existe apenas uma equipe para fazer três sepultamentos marcados para o mesmo horário. No momento de conduzir o caixão até a sepultura, uma surpresa desagradável: a pedido de um dos funcionários do cemitério, parentes e amigos do morto têm que ajudar a carregar a urna, subindo cerca de 100 degraus, já que o plano-inclinado não está funcionando – o que, também, impede várias pessoas de acompanhar os enterros. “Nunca vi nada igual, logo no maior momento de dor que alguém pode passar. Foi horrível”, desabafou uma amiga da coluna, que acompanhou um enterro na quinta-feira (27/06).
Também há relatos sobre a falta de sabonete e papel toalha nos banheiros – justamente num lugar que deveria primar pela assepsia. Difícil entender como tudo isso acontece no cemitério onde são sepultadas 9 de 10 personalidades e onde um túmulo chega a custar meio milhão de reais.
Bem diferente de cemitérios limpos e bem cuidados, que atraem turistas mundo afora, como Recoleta, em Buenos Aires, e Père Lachaise, em Paris. Neste, aliás, é preciso pagar apenas 7.720 euros (R$ 22.300) para dormir o sono eterno ao lado de gênios como Oscar Wilde, Chopin, Jim Morrison, Edith Piaf e Balzac.