Sessenta barracas que vendem de baterias de relógio, roupas e bolsas a refeições completas. E ainda tem oficina de conserto de móveis e até salão de beleza. O Mercado Popular de Botafogo surgiu há quase 20 anos como uma alternativa de inclusão social, mas, ultimamente, se transformou em ponto de desordem pública numa das ruas mais movimentadas do bairro, a Nelson Mandela.
Alguns quiosques espalham suas mercadorias pela calçada, o que é proibido pela Prefeitura. Outros estão mal conservados, expondo os pedestres a riscos. Uma mulher que passava com o filho pequeno reclamou: “Parece que vai cair na cabeça da gente a qualquer momento. Isso aqui virou a favelinha do Metrô”.
Quando foi criado, pelo então prefeito Cesar Maia, em 1995, o mercado tinha dois objetivos: acabar com a ocupação desordenada da área pelos camelôs, ao redor do metrô, e promover a inclusão social, priorizando a concessão dos “boxes” para idosos, portadores de necessidades especiais e ex-presidiários.
Só que, hoje, pouco parece ter restado do propósito original. Uma vendedora denunciou: “Tem gente sublocando os quiosques, cobrando até 300 reais por mês”.
O mercado está na mira da Prefeitura. A Secretaria de Ordem Pública (Seop) informou que acaba de concluir um levantamento da área e que várias irregularidades foram constatadas. “Quem não cumpre o Código de Posturas, quem não tem documentação em dia e quem deixa mercadorias fora das barracas não vai mais poder ficar ali”, explicou a Assessoria de Comunicação da Seop.
É o chamado “ordenamento do mercado”, esperado com ansiedade por aqueles que ganham a vida de maneira honesta. Como a comerciante que vende bijuterias há mais de 10 anos. “Minha mãe é idosa, minha irmã tem câncer e meus documentos estão certinhos. Preciso disso aqui”, desabafou.