Brasil, meu Brasil brasileiro… – quem já não cantou esse pedacinho quando lembra da dita Pátria Amada? E, crianças, ouvimos nossas mães e avós cantarem os Quindins de Iaiá… Homens e mulheres apaixonados, achamos que ouvir Pra machucar meu coração era entrar fundo no sentimento. E, na voz de João Gilberto, então…
Essas e muitas outras canções são de Ary Barroso e estão na peça “Ary Barroso do princípio ao fim”, de Diogo Vilela – que, também, encarna o compositor. A peça tem como fio condutor a última noite de Ary, em fevereiro de 1964, que coincide com o domingo de Carnaval. Nesse ano, o enredo do Império Serrano cantou a vida, a glória e as canções de Ary.
Assim, vemos Diogo Vilela em uma cama de hospital, cercado por componentes do Império que, ao mesmo tempo em que relembram episódios da vida de Ary, cantam as suas canções. Diogo Villela canta muito pouco, mas, sem fazer uma interpretação caricata, consegue relembrar com fidelidade os trejeitos típicos de Ary: sua entonação, seus cacoetes, sua paixão pelo Flamengo, sua sinceridade suicida.
E mostrar Ary Barroso, de diferentes ângulos, foi a opção de Vilela, também diretor. “Essa foi a base para compor um personagem que, com suas idiossincrasias e composições geniais, tem, em minha opinião, um inquestionável valor histórico para o nosso país e que, através do teatro, merecem ser imortalizadas”, fala Diogo.
Ao vermos a história de Ary, único compositor brasileiro candidato ao Oscar, percorremos também nossas questões sobre a música popular brasileira: nossa nacionalidade, nosso sucesso no exterior, o ciúme entre compositores, o verdadeiro status de nossos artistas. E saímos com a certeza que o “Brasil é brasileiro”, “um mulato inzoneiro” para ninguém botar defeito.
Serviço:
Teatro Carlos Gomes, Praça Tiradentes
De quinta a domingo, às 19h30min.