Provence não é um destino – é uma filosofía de vida. Sem ser piegas, juro! Você come, bebe, cheira e observa os girassóis e os campos de lavanda, que os grandes pintores impressionistas, como Van Gogh, Matisse, Cézanne, registraram incansavelmente.
É lá que você vivencia a natureza, como um francês do sul, a culinária francesa solar, de cores vivas, simples e de produto. Sabor puro, aromatizado e fresco, sem grandes intervenções de molhos e cozimentos longos. Da horta no jardim, direto para a panela (às vezes, nem passa por ela).
Falar em produtos de qualidade é quase um pleonasmo. Os legumes (e por isso a famosa Ratatouille Provençal levemente aromatizada com lavanda): as berinjelas, as abobrinhas, as azeitonas (picholine), os azeites suaves, doces e aromatizados (extravirgem primeira pressão a frio), as alcachofras, os alhos (são mais adocicados), as cebolas (tão doces que se comem cruas nas saladas, e não dão bafo!), os tomates… nem na Itália comi tão espetaculares, doces e suculentos. O melão de Cavaillon, o mais famoso do mundo. As ervas, ah! As ervas provençais: principalmente tomilho, alecrim e manjericão – estes com presença levemente picante e folhas grandes e generosas.
Em Les Baux de Provence, fomos comer no L’Oustau de Baumanière, onde você também pode se hospedar no chiquérrimo Relais Chateau, no coração dos Alpilles, a dois passos de Avignon, Saint Rémy de Provence e Arles – onde, no verão, sempre rola a fantástica exposição de fotografias. O serviço do restaurante faz jus às estrelas (3 no Guia Michelin); mas foi o ambiente e a comida que chamaram a minha atenção.
Os pães e a manteiga são excepcionais (redundância em termos franceses). De entrada, comemos o Foie Gras Canard confeitado com cerejas e um gelée de especiarias, e o caranguejo (Le Tourteau) com abacate e ostras de Gillardeau e maçã verde com salada. Seguimos com o peixe São Pedro, azeitonas (Taggiasche), tomates confeitados (deliciosos) e crustáceos com pesto. O leitãozinho estava genial, com toque de anis estrelado, “boudin” e pimenta d´Espelette.
E foi lá que nos indicaram o “must go” La Chassagnette, no coração da Camargue. Um Restaurante Potager Bio (tenho certeza que o pessoal do dinamarquês Noma deu uma passada por lá), com ambiente aconchegante, despretensioso, com toques de tecnologia (onde se faz necessário), adega inédita e biblioteca… nem se fala! Uma aventura gastronômica no meio de um jardim extraordinário, com uma horta de 200 hectares.
O chef Armand Arnal não podia ser mais atencioso: saiu da cozinha para trocar uma ideia com a gente – é um cara simples com ares de absoluta experiência, bom-senso e bom gosto. O que mais você pode pedir de um restaurante? Eu estou desejando até agora, porque não conseguimos comer. Motivos para voltar correndo não faltam…
Veja este artigo em francês.
Drops Informativos:
L´Oustau de Baumanière
Reservas:+33 4 90 54 33 07
www.maisonsdebaumaniere.com
La Chassagnette
Reservas: +33 4 90 97 26 96
http://www.chassagnette.fr/