O sentimento de posse só existe quando temos alguma falta. A primeira e mais importante é a do entendimento do que somos e o que estamos fazendo aqui no planeta.
Vem da visão de que estamos aqui para ser felizes ou, pior ainda, para sofrer, como alguns malucos acreditam. O propósito da vida é maior do que ser feliz. A felicidade é um sentimento da inteligência do corpo, que nós já sabemos ser só um pedaço, e percebe as coisas de forma parcial e incompleta. Nosso trabalho ou objetivo da vida é integrá-la à inteligência da alma. Buscar a plenitude — muito maior de que ser feliz.
Quando achamos que possuímos algo ou alguém, estamos trabalhando só com a consciência do corpo, com a efemeridade das coisas e da própria vida. Naturalmente, mais cedo ou mais tarde, esse sentimento de posse se frustrará — especialmente, em relacionamentos amorosos.
O fato é que estamos fazendo a pergunta errada: será que ele(a) me ama? Quando nos perguntamos isso, já estamos dizendo implicitamente que nós não nos amamos, que nos sentimos de alguma forma inferiorizados: a tal da baixa estima. Posse gera dependência e expectativa. Quando estamos integrados com nossa alma, nossa harmonia não depende de nada nem de ninguém.
O que queremos? Garantias?
A única coisa que pode nos dar segurança é a consciência de interdependência. É sabermos que só podemos perder aquilo que nunca foi nosso, ou que já cumpriu sua função temporária. Fora isso, só perdemos aquilo que não cuidamos de forma integrada, com o corpo e a alma.
Por Ary Alonso (Espiritualista) 25/09/2009