No dia a dia, desenvolvemos hábitos que nem percebemos. Talvez o pior deles seja transferir a responsabilidade por tudo que fazemos — desde simplesmente não aparecer ou não dar notícias às pessoas com quem combinamos algo; até coisas piores, como criar expectativas que não vamos preencher.
Em nossa cabeça, como não houve confirmação, não tem importância se não aparecermos: "Afinal, nem tinha lugar marcado", "Surgiu um imprevisto", "Era aniversário do meu amigo". O raciocínio, se é que podemos chamar assim, estabelece uma ordem de prioridade e importância que só faz sentido para o nosso interesse egocêntrico. Transfere a responsabilidade pela pequena falha, e pronto: estamos livres! Pelo menos na nossa consciência "elevada".
Outro tipo de hábito, de pouca educação, que todos nós temos, é o de atender ao telefonema quando estamos com alguém. Na maioria das vezes, nem nos desculpamos ou mesmo pedimos licença; afinal é o Dr. Celular, o principal companheiro, quase um terapeuta, de muita gente. Como se não bastasse deixar o pateta que está ao lado esperando, as pessoas falam o tempo que for necessário, porque, afinal, "alguém" me ligou, e isso é importante.
Parece um texto sobre moral e ética, e nós sabemos que a lei de Causa e Efeito não tem nada com isso; mas tem com o fato de criar uma desarmonia com quem está ao nosso lado, com as pessoas com quem nos relacionamos. Toda vez que causamos um desconforto ou não preenchemos uma expectativa que criamos, somos responsáveis por todos os sentimentos que geramos nos outros. E como o universo é o nosso próprio espelho, podemos nos preparar para viver situações desagradáveis no futuro. Avisar que não vai poder ir a um encontro, mesmo que os detalhes não tenham sido decididos, ou dizer que liga de volta em outro momento não são atitudes de polidez: são atos de proteção para que nossa vida permaneça em equilíbrio e harmonia.
Por Ary Alonso (Espiritualista) 29/06/09