A melhor história sobre este tema é uma piada: estava acontecendo uma enchente na cidade, quando um salva-vidas passa de barco por uma das casas inundadas. Ao ver alguém ilhado, joga uma boia, que é recusada. A pessoa então diz que o Criador é quem vai salvá-la. Depois de algum tempo, o nível da água subiu, e chega um helicóptero, que joga uma corda para a mesma criatura. É sua última chance, mas ela insiste que só Deus vai salvá-la. Naturalmente, ela morre. Quando chega ao céu, pergunta imediatamente: "Por que não me salvou?" E Deus responde: "Quem você pensa que mandou o barco e o helicóptero?"
Talvez com a ajuda dos "corretores" que vendem purificação, imaginamos que a força divina é um "mensageiro" que faz a contagem e avaliação das nossas ações, boas e más. Assim, imaginamos que somos de tal forma inferiores que não podemos crer que sejamos uma pequena parte dessa força divina, e que ela só pode aparecer através de acontecimentos ou visões extraordinárias.
Como nos ensinaram assim, até porque de outra forma o "negócio" de vender pureza acaba, creditamos tudo que acontece na nossa vida ao acaso, à sorte ou à falta dela. Em resumo, ninguém mais é responsável por nada, ou melhor, se existe um responsável por tudo, é Deus — nunca nós mesmos.
Ficou bem mais fácil agora: toda vez que algo não dá certo, o culpado é o ex-marido, a sogra, o patrão ou o próprio Criador. Chame como for mais adequado às suas crenças. A força divina, que é a nossa alma, nos manda barcos e helicópteros o dia todo, mas nossa lógica e mente racional prefere morrer afogada.
Por Ary Alonso (Espiritualista) 24/06/09