Sadraque é uma espécie de "gente que faz" na favela. Nascido e criado, há 43 anos, no Complexo do Alemão, em Ramos, zona da Leopoldina, ele é um dos fundadores do Grupo Sociocultural Raízes em Movimento, do Alemão. Tudo começou há 13 anos, quando um amigo de Sadraque, Alan Brum, o incentivou a voltar para a escola, que já tinha abandonado fazia tempo.
Ele então retomou os estudos e, pouco depois, foi convidado por Alan para criar uma organização sociocultural que atuasse com base no potencial das pessoas: "O primeiro critério era fazer o que você gostasse", diz Sadraque. Assim surgiu o Raízes em Movimento, em 2001.
Mais tarde, o Observatório de Favelas abriu inscrições para um curso de fotografia, parte do projeto Escola de Fotógrafos Populares, que tem, entre seus resultados, a criação do premiado projeto Imagens do Povo. "Foi aí que aconteceu meu encontro com a fotografia", conta. Hoje, Sadraque dá aulas de fotografia no Ocupação Cultural, da Secretaria Estadual de Cultura e Observatório de Favelas, com recursos do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). As aulas acontecem no Canteiro Social do PAC, na Rua Paranhos, na orla do Morro do Alemão.
Sadraque revela que a fotografia lhe deu dois grandes orgulhos: "o de integrar a primeira geração da Escola de Fotógrafos Populares e ter participado de uma exposição no CCBB na qual havia trabalhos do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, que é meu ídolo".