Muitas pessoas, ao saberem da morte de David Azulay, se desesperaram, digamos, além do que seria normal num caso desses. Depois foi sabido que o estilista ajudava muita gente, sem divulgar nada sobre o assunto — como deve ser, aliás; até porque, se fosse o caso, caberia aos beneficiados fazê-lo.
Alguns daqueles que, em certo momento da vida, puderam usufruir a generosidade dele, contavam suas histórias durante o velório, no último dia 10 de fevereiro. Adriana Andrade, dona da Chantik, que vende no atacado para as melhores marcas cariocas, foi uma delas. Chorava, chorava, chorava e repetia o quanto pôde contar com o estilista.
Outro caso foi um médico que, na hora do enterro, confessou à assessora Kika Gama Lobo que Azulay o havia ajudado no começo da carreira, com dinheiro, inclusive. Hoje, profissional muito conhecido, rasgava elogios à bondade do amigo. E foram muitos exemplos.
Daria para interpretar, baseado nos depoimentos, que Azulay foi um perfil do tipo que oferecia antes de o outro pedir, ao perceber que ele precisava, poupando muitos de eventual constrangimento ou timidez. O que se lamenta dessas histórias é elas só virem à tona depois que a pessoa morre. Nem o próprio morto jamais deve ter imaginado que dissessem tudo aquilo dele: por que não o fizeram em vida? Até a morte poderia ter sido adiada, quem sabe!
Não foram poucos os que se surpreenderam: desconheciam esse lado do dono da Blue Man. Ao vê-lo, ali no caixão, talvez fosse o caso de perguntar: "Que importância isso tem agora?"