Depois de sete anos como diretora da Galeria Nara Roesler e uma participação na CasaCor Rio, Gabriela Moraes realizou sua primeira curadoria, com a individual do artista meio-americano-meio-carioca Gabriel Giucci, inaugurada nessa quinta (18/11), de um jeito diferente, num apartamento em Ipanema. “Existe uma tendência de as galerias diversificarem porque o cubo branco (sala de exibição), imposto há mais de 30 anos, é um modelo que já não funciona. Então, os artistas têm procurado um lugar mais apropriado para seus trabalhos. Por exemplo, para exibir esculturas, eu poderia encontrar uma casa com jardim – temos que adaptar a obra ao lugar, e não a impor ao cubo branco”, explica Gabriela.
Para esse novo trabalho, Giucci — que nasceu em Princeton (New Jersey, EUA) e vive entre Rio, São Paulo e NY — inspirou-se nos Hamptons, balneário a duas horas de Nova York, pela primeira vez na carreira, pintando paisagens a partir de seus próprios registros, produzidos através das longas caminhadas. “Foram idas às praias, encontros com moradores e seus honrosos convidados e jantares exuberantes que mudaram sua perspectiva. São paisagens de qualquer lugar, mas só retratando os Hamptons, um lugar bucólico, idílico, cuja luz natural impulsiona criatividade, de natureza exclusiva e controlada, em que políticos são amigos, superestrelas holywoodianas são vizinhas, crime não existe e tudo fica no patamar da perfeição”, diz o texto da mostra, da também curadora Gabriela Davies, mulher de Giucci.
A calmaria mostrada é bem diferente da do lugar-comum de Gabriel, que costuma retratar as realidades políticas e sociais do Brasil, como em 2018, quando criou uma mostra sobre a “Farra do Guardanapo”, um dos mais falados momentos da política brasileira, com as imagens do inesquecível jantar de Sérgio Cabral e amigos em Paris, em 2009. A crítica política foi muito influenciada pelo avô, o sociólogo e cientista político Hélio Jaguaribe.