Vandinha Klabin, uma das maiores curadoras do Brasil, é uma mulher de sorte: faz o que ama e sua atividade não é afetada por qualquer crise econômica. “Em ano de crise tive muitos projetos aprovados”, diz ela. A carioca é também, cientista social, historiadora de arte e apreciadora de uma boa culinária. Não faltam motivos para gostar de Vandinha, que, por isso, fez de muitos artistas grandes amigos.
Em que medida o mercado de arte é afetado pelas crises econômicas?
“É um mercado que fica afastado da crise, o artista que não vende no Brasil, vende fora. Os colecionadores têm uma situação financeira confortável, já que o investidor eventual pode até deixar de comprar, mas é uma onda passageira. O interesse pela arte contemporânea aumentou muito no Brasil e no mundo e a própria avaliação da arte brasileira tomou outra dimensão, teve uma acelerada ressonância internacional, um fluxo intenso de exposições e hoje é uma importante protagonista no circuito artístico nacional e internacional. Em ano de crise tive muitos projetos aprovados”.
Que parâmetros você segue para definir se um artista é realmente bom, dentre tantos tipos de arte aceitos mundo afora?
“A inscrição da arte contemporânea no sistema de arte exige conhecimento, experiência e, principalmente, rigor. É um trabalho denso, tem um sentido rítmico, abrangente, pois envolve diferentes complexidades, desdobramentos imprevisíveis e modalidades de ação. A contemporaneidade é difusa, multiplicou os seus meios de expressão e os tipos de suportes. Difícil é definir o que é bom ou não no calor do momento, e acertar nos novos artistas que estão começando a se aventurar no campo das artes…mas é possível incorporar essa dinâmica e apontar o seus principais vetores”.
Os artistas atuais estão mais inclinados a querer fama e dinheiro? É importante saber se autopromover?
“Pertenço a uma geração que assistiu à uma época, digamos, mais heróica, em que os artistas tinham que lutar muito para vender seu trabalho, porque o mercado de arte ainda não tinha verdadeiramente se profissionalizado. Com o surgimento da pop art, assistimos ao advento de uma espécie de encanto pelo consumo, pela sedução de um mundo que confundiu a arte com mercadoria, como uma indústria do espetáculo e, nesse sentido, podemos identificar o peso que a imagem produzida pelo mercado é significativa para a cultura atual. O filósofo alemão Theodor Adorno, ao comentar essa mercantilização do fazer artístico, criou o termo ‘indústria cultural’. A valorização da arte pelo seu aspecto econômico talvez tenha se tornado um critério determinante para definir a produção artística e acaba produzindo articulações instáveis e pouco cristalinas para o bom entendimento da verdadeira arte”.
A VANDA está na profissão certa, entende disso, sempre conviveu com ARTES PLASTICAS. Todos os Klabins