Baseada no romance Mrs. Dalloway, de Virgina Woolf, a peça As Horas Entre Nós recria livremente a trama da autora inglesa, ambientada no Brasil da Ditadura, em dois momentos: 1969, logo após o Ai5, e em 1979, no inicio do processo de abertura. A história do romance se passa num único dia, em junho de 1923, em que Clarissa Dalloway resolve, ela mesma, comprar flores para a festa que vai oferecer logo mais, à noite, em sua casa.
A concepção de As Horas Entre Nós surgiu de um desejo do diretor Joelson Gusson e da atriz Cristina Flores de trabalhar especificamente sobre dois personagens do romance – a princípio, apenas o universo de Septimus Smith e sua mulher, Lucrecia, seriam recriados – mas, após longos sete anos de tentativas em montar este espetáculo, ele evoluiu para um conceito mais amplo, e outros personagens do romance foram incorporados.
Em cena, Carolina Ferman, Cris Larin, Cristina Flores, Joelson Gusson, Leonardo Corajo e Lucas Gouvêa desenvolvem, em um dia de 1979, com cenas em flash-back de uma festa de 1969, todas as questões que seriam cruciais ao final dos anos 1960: política, sexo, drogas, como não encaretar, como lidar com o amor mais liberado em um momento totalmente restritivo. No entanto, a morte, em todas as suas formas, é o grande espectro que acompanha o grupo de jovens.
Assim, ainda em 1969, Pedro exila-se na Europa, a irmã de Clarissa morre prematuramente, Septimus enterra sua vida anterior e Ricardo, jovem militar, bandeia-se para o aparelho repressivo. São novas vidas, novos jogos que assumem sua maior contradição na festa de 1979. E, com o suicídio de Septimus, encerra-se definitivamente o sonho de cada um.
Serviço:
Espaço Cultural Municipal Sergio Porto
Segundas, sextas e sábados, às 21h, e domingo, às 20h