Dois desejos inalcançáveis torturam o homem: a imortalidade e uma vida perfeita sem máculas. Essa angústia nos faz questionar a nós mesmos, os céus, os mares. Uma procura desde que se nasce. E algumas doutrinas religiosas são baseadas justamente nas respostas a esse dilema. A doutrina kardecista é uma das que mais exploram essa questão. Com base nisso, Jorge Luis Queiroz escreveu O Julgamento do Paranormal.
Para contar a saga de Paulo, representado por Claúdio Handrey, também diretor, um paranormal que tem o dom de cura e que, por isso, é perseguido desde criança. A partir do retorno de Paulo, o espetáculo apresenta , com flashbacks das suas vidas passadas, o momento em que o paranormal é julgado pela morte de uma criança.
Quinze atores e atrizes desempenham os vários papéis para, de forma diáletica, mostrar como o mesmo episódio tem o lado “Deus” e o lado “Diabo”. O relacionamento atual com o paranormal varia de acordo com o relacionamento que tiveram em outros momentos, em outras vidas. “Proponho ao público um questionamento sobre os ‘diferentes’, analisando-os a partir da ótica da antropologia, da filosofia, da psicologia, da sociologia, da ciência dos dias de hoje, e não apenas um caso de polícia”, diz Jorge Luis Queiroz.
A plateia vive a dúvida do que faz Paulo – se é santo, se é bem intencionado, ou se é um sujeito voltado a levar vantagem a partir da credulidade alheia. Nesse jogo, acaba por se permitir que a plateia atue como jurado, tire suas próprias conclusões. E que, seja qual for a crença, se reflita sobre a máxima de William Shakespeare: “Existem mais coisas entre o Céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia”.
Serviço:
Teatro Vannucci
Terças às 21 h
Quartas às 17 h