Qual perda é uma dor? A caneta que se esquece, os óculos largados, um local do qual se parte, um emprego… tantas coisas. Mas existe uma dor que não se explica, não tem nome; o desespero em forma de lágrimas que rolam sem parar; o nó na garganta que não se dissolve; o que ninguém quer. “Neblina” é a peça que se constrói na trajetória da perda.
A obra teatral foi idealizada pelo ator Leonardo Fernandes junto à produtora Tatyana Rubim, com texto inédito de Sérgio Roveri. Em cena, Leonardo Fern e Fafá Rennó vivem o drama de Diego e Sofia, alteregos de Rafael e Júlia, que se passa em uma noite fria e com muita neblina. Tudo começa com Sofia se perdendo, encontrando Diego e pedindo auxílio.
Os dois atores, a partir daí, encarnam com o corpo, com a voz, com as expressões aquilo que está no título. Difusa, incerta, confusa, a história vai criando episódios que não se encaixam, um jogo mal jogado, que muda de regras ao meio. O cenário, que inexiste fisicamente e ainda assim ancora a peça, é um desastre de automóvel. Um grande globo tem pedaços, coisas que são retalhos….
Em algum momento, a chave vira e, aí, Leonardo, de forma muito bonita, muda a voz e a prosódia. Esse é o sinal para a mudança radical que acontece. O texto embica outra vez na estrada. Volta à cena a metáfora de um carro em uma estrada. Perdidos na neblina, uma freada…. Um acontecimento que muda a vida e anima os personagens que tentam retomar a estrada. Mas o motor quebrou de vez.
Serviço:
Teatro II do CCBB-Rio (R. Primeiro de Março, 66)
Quinta a sábado, às 19h
Domingos, às 18h
Ingressos adquiridos antecipadamente pelo site.