Tudo está lá. Um mar de cascos que comprovam a bebida farta. Uma mulher quase que diáfana, vestida de branco. Uma paisagem deslumbrante que não adiante para nada. Só não está o encontro, o diálogo, o amor. Em “Fala comigo como a chuva e me deixa ouvir”, de Tennessee Williams, com direção de Ivan Sugahara, a Cia. Os Dezequilibrados comemora mais do que seus 18 anos de brilhantes atuações: festejam todas as possibilidades do teatro.
A peça integra o conjunto de peças de apenas um ato de Tennessee Williams e apresenta personagens que não são mais os derrotados habitantes do Sul dos Estados Unidos. No texto original, um homem de ressaca está deitado no quarto do hotel, com a mulher ao seu lado. E, a partir de monólogos, totalmente isolados e desconectados, falam de suas vidas, esperanças e batem a chamada DR. Na montagem de Sugahara, a opção é brilhante. Os atores passeiam pela casa, e a plateia vira voyeur das cenas cotidianas.
“O amor. Como é bom e como é difícil. Acreditando que a arte nos ajuda a viver melhor, voltamos mais uma vez ao tema. Os Dezequilibrados já se debruçaram sobre o amor em ‘Quero ser Romeu e Julieta’, ‘Memória Afetiva de um Amor Esquecido’ e ‘Amores’.
Assim, munidos da certeza do fracasso de nossa missão, o que não a torna menos bela, chegamos à encenação de ‘Fala comigo como a chuva e me deixa ouvir’. Aqui pensamos sobre a sua impossibilidade. Sobre a dificuldade de nos relacionarmos”, explica Ivan Sugahara.
Como se apenas a peça tivesse um personagem, esse próprio monólogo interior aparece contraditório em duas vozes. Aqui, as falas são gravadas. Dão conta de exprimir os temas principais do autor: a situação dos outsiders – o fugitivo, o sensível, o isolado, o artista; a natureza da compaixão e desejo; a crueldade da vida nua. Chora-se com a atriz, emociona-se com a música e deseja-se encontrar um grande amor.
Serviço
Casa da Glória
Sábado e domingo: 14h e 16h
Invente tempo e não deixe de ver
“A importância de ser Perfeito”, de Oscar Wilde, numa montagem inovadora, só com atores homens, dirigida por Daniel Herz.
Só até domingo, na sala Marília Pêra