O amor é o ridículo da vida. E o sal, a pimenta, a dor, a glória, o desejo. É tanta coisa que cabe em um só sentimento que, muitas vezes, nem sabemos o que vai em nossa alma, nosso cabeça. E sobretudo em nosso corpo. E se acreditamos que toda forma de amar vale a pena, o que fazer quando um das formas é crime? Quando se vai para a cadeia? É desse assunto que trata “Amar é o crime perfeito”, de Thales Paradela.
A opção dramatúrgica escolhida, começar do passado, ter ações no presente, flashbacks, uma história contada de forma clássica, transforma o espetáculo em algo que se segue com muita atenção e curiosidade. Uma história de amor que percorre décadas, um inimigo — o preconceito —, irmãos em choque, uma forte amizade fazem com que o texto de Thales seja uma bela metáfora do que acontece nos tempos atuais.
Produzido e idealizado por Ismael Fiorentin, a direção de Paulo Trajano é eficiente em focar na atuação dos atores de forma que a interpretação traduza os sentimentos que o texto aponta. A criação técnica conta com cenários de Dóris Rollemberg, figurinos de Ronald Teixeira e a iluminação de Renato Machado contribuem de forma positiva para a compreensão do texto.
O elenco afinado é composto por: Ismael Fiorentin, Cleiton Morais, Alexandre Dantas, Cláudio Pitanga, e Thales Paradela; contando com a participação especial de Maria Esmeralda Forte com mais de 60 anos de palco. Cada um dos atores interpreta seu papel de forma positiva, sem pieguices ou caricaturas. É desse ângulo que fica claro a importância dos sentimentos quando a oposição é apenas o preconceito.
Serviço:
Teatro Clara Nunes, Shopping da Gávea
Quartas e quintas, às 21h.