Alguns textos exigem vigor. Outros criatividade. Pouquíssimos experiência. Mas o que o bom e velho teatro, aquele das quatro paredes, formado pela relação inseparável autor/ator/diretor, exige é talento, vontade, raça ainda maior que final de Copa do Mundo. Pois é. Esse encontro é que podemos ver em A Gaivota de Anton Tchekhov, com concepção e direção de José Guilherme Vasconcelos, na Sede da Cia. de Teatro Contemporâneo.
As peças russas do final do Século XIX, sobretudo as de Tchekhov, apontam para o mundo que então se desintegrava: o poder, a economia, os costumes. Assim, a proposta de José Guilherme Vasconcelos é reproduzir, de forma simples e fiel, o universo da peça, na ótima solução cenográfica e nos figurinos que compõem bem os personagens.
O elenco , formado em sua totalidade por jovens atores, Andrea Lacassy, Bruno Oliveira, Giuliano Bandeira, Julia Severino, Karla Nunes, Patricia Pond, Pepê Carvalho, Pierry Vuicik e Viny Moizés e os atores convidados: Gabriel Sardinha, Luca Picorelli e Lucas Alves, consegue um resultado bastante harmonioso com um grand-finale primoroso e emocionante( sem spoilers para quem não conhece o texto).
Numa cena teatral onde , normalmente só temos comédias/stand-ups/musicais, casas sendo fechadas, assistir A Gaivota, texto vigoroso e emocionante, torna-se quase um oásis no meio do deserto. Ver jovens dando o “sangue” na produção sem qualquer patrocínio, o talento do diretor José Guilherme Vasconcelos, absolutamente corajoso , faz-nos esquecer que o Brasil lembra essa Rússia. Mas nos dá enorme esperança. Obrigada.
Serviço:
Sede da Cia. de Teatro Contemporâneo
Rua Conde de Irajá, 253 — Botafogo
Sábado às 21h
Domingo às 20h
Peça densa, com belíssima atuação do elenco (jovens atores muito promissores).
Gostei bastante.
Recomendo. Vale muito a pena assistir.