Já se passaram dois anos desde o início da pandemia, e estamos aqui de novo, em pleno carnaval, vendo os mercados balançarem.
Em 2020, foi a covid que estava devastando a Europa, e que sabíamos que poderia chegar aqui. Não deu outra: pouco menos de um mês depois do carnaval, foi decretado o “lockdown” — os mercados sentiram bastante. Foram seis “circuit breakers” (quando há uma perda muito grande na bolsa e os mercados são congelados para que os ânimos se acalmem) ao todo, no pior período, e o dia 23 de março foi o ponto mais baixo da bolsa. Porém, durante o ano, as bolsas se recuperaram, e o Ibovespa chegou a ficar positivo no fechamento de 2020.
Agora, em 2022, mais uma vez os mercados sentem a tensão em pleno carnaval, o que já vinha acontecendo desde o final da semana anterior. O motivo agora é outro: a Rússia invadiu a Ucrânia na quinta-feira passada, e o conflito segue sem desfecho (pelo menos, enquanto escrevo esse artigo no final da tarde da Quarta-Feira de Cinzas).
Desde o feriado, o mundo tem imposto várias sanções contra a Rússia, desde bloquear algumas das transferências bancárias internacionais (o chamado Swift) até a paralisação de negócios de várias empresas privadas com o país. A moeda russa desabou, e o petróleo foi às alturas, mas nada se compara às perdas de vidas humanas em um conflito militar.
Voltando às finanças, a diferença é que agora os juros estão subindo e, na última reunião do Copom, ficaram definidos em 10,75%, enquanto, no início de 2020, estavam caindo e eram de 3,75% (em março daquele ano).
Na crise anterior (em 2020), muita gente aproveitou a queda da bolsa para comprar ações já que não estava ganhando juros muito altos ao investir em renda fixa. Dessa vez, em que o Ibovespa fechou em quase 12% negativo em 2021, estamos vendo um movimento contrário, em que muita gente está resgatando da bolsa para voltar para a renda fixa, que agora já tem juros de dois dígitos mais atrativos.
Então, o que fazer? Primeiramente, torcer para que a paz se restabeleça logo. No que se refere ao dinheiro, o correto é ter uma carteira diversificada e manter essa alocação de acordo com os seus objetivos, horizonte de investimento e perfil de investidor. Crises vêm e vão… Evite seguir esses movimentos de manada, tanto na compra quanto na venda. Atenha-se a sua estratégia.
Como parte do seu investimento com maior risco deve ser para o longo prazo, não tem por que você se preocupar com os movimentos de curto prazo desses ativos. O próprio nome já diz: é um investimento de risco, e o risco é justamente a incerteza quanto aos resultados futuros. O que se espera é que, no longo prazo, os rendimentos dos investimentos de risco superem os rendimentos dos investimentos conservadores. Esse é o prêmio pela espera!
Mas, como não temos bola de cristal para saber como os mercados vão se comportar, o melhor que temos a fazer é manter a carteira diversificada e rebalancear o portfólio quando necessário.
Seguindo essa lógica, quando os seus ativos mais arriscados caírem, o mais correto é recompor a sua carteira, comprando mais desses ativos, aproveitando que os preços deles estão mais baixos. Muita gente acaba fazendo justamente o contrário: compra quando os ativos estão subindo e os vende na queda!
A pergunta que fica é: você tem seguido a manada ou continua mantendo a sua estratégia de investimento, respeitando o seu perfil de risco, seu horizonte de investimentos e os seus objetivos?