Nesse sábado (14/10), foi apresentado, no Festival do Rio, o documentário “O silêncio é uma prece“, do diretor Candé Salles, sobre a vida de João Teixeira de Faria, o João de Deus, e os fenômenos de cura na Casa Dom Inácio, em Abadiânia, interior de Goiás. Ao fim, muitas pessoas saíram do cinema emocionadas, impressionadas ou, na maioria, ambas as coisas. Candé já tinha filmado a história do escritor Caio Fernando Abreu, premiado como melhor longa-metragem no Festival Mix Brasil em 2014. Pretende seguir nessa profissão; o próximo é sobre Marina Lima. Se render tantos aplausos como os anteriores, podemos dizer que essa profissão lhe pertence, sendo que, no caso de “Seu João”, mudou a vida do diretor. Leia sua entrevista.
Como começou sua aproximação com João de Deus?
“Conheci o senhor João em São Paulo, por intermédio de um amigo cuja mulher foi curada por um câncer na cabeça. Pedi autorização para fazer o filme; ele me disse para ir a Abadiânia e pedir permissão à entidade que ele incorpora – entidade essa que disse ser eu o escolhido para contar a história da vida de João Teixeira de Faria. Assim comecei o que posso afirmar ter sido a maior transformação da minha vida!”.
O que você aprendeu durante esse tempo?
“Aprendi principalmente a olhar pro lado. Perceber que têm muitas pessoas precisando de ajuda, atenção, amor. Minha vida é muito corrida: faço mil projetos ao mesmo tempo. Às vezes, esquecemos de olhar pro lado, dar um sorriso para alguém, um abraço, ou ajudar em algo difícil de ser resolvido, o que traz muita calma e alegria pra mim”.
E a ideia do documentário?
“Eu tinha contado a história de escritor Caio Fernando Abreu no documentário “Para sempre teu, Caio F.”, premiado como melhor longa- metragem no festival Mix Brasil São Paulo em 2014. Gostei de documentar a vida do meu escritor favorito. E assim foi. Motivado pela história de cura da mulher de um amigo, parti para Abadiânia, com a intenção de desvendar os mistérios de cura que acontecem por lá. Fiquei muito impressionado com a paz que senti. Quando cheguei perto da entidade, meu coração se encheu de um amor que eu nunca havia sentido. Fiquei cinco anos frequentando a Casa Dom Inácio, em Abadiânia (interior de Goiás). Filmei o trabalho do médium, sua intimidade, suas viagens. Ficamos muito próximos. Tive que entender como filmar (e me posicionar sem atrapalhar nada) num lugar regido pelas leis espirituais. Foi uma escola de disciplina, silêncio e meditação. A ideia é passar pro público tudo que vi e vivo com Seu João”.
As mudanças trazidas à sua vida – por exemplo, se libertar de dependência química – podem ser acessíveis a qualquer pessoa que procure João de Deus em Abadiania?
“Podem, sim. As pessoas o procuram por diversos motivos e aflições, depressões, esclerose, e até mulheres que não conseguem engravidar. No meu caso, parei de beber e centrei minha vida”.
Qual sua principal intenção com esse filme?
“É passar pras pessoas que não estamos sozinhos neste mundo. Espalhar amor, fé e caridade”.
Fale da vida de João de Deus
“O senhor João é um homem simples, muito ligado à família e preocupado com todos à sua volta – um missionário de Deus que fez da sua missão a coisa mais importante de sua vida!”
Algum fato curioso durante os cinco anos de gravação do documentário?
“Na Suíça, em 2012, o senhor João, incorporado no rei Salomão, comeu um copo de vidro na frente de um paciente que duvidava que ele estivesse incorporado. Está lá, no filme. Ele também levanta pessoas das cadeiras de rodas e tira muletas. Tudo filmado. Tá lá!”