Do primeiro encontro entre o empresário Bruno Chateaubriand e o auditor Diogo Bocca, ao altar, foram seis meses – fato incomum entre homens gays. Bruno, que morou com André Ramos por 18 anos (até 2017), vai se casar pela primeira vez, no Insólito Boutique Hotel, em Búzios, no dia 16 de fevereiro, com festa para 400 convidados, entre inúmeros padrinhos. Tudo está sendo documentado. A cerimônia também vai ser transmitida ao vivo pelo site da revista Inesquecível Casamento. Chateaubriand, personagem conhecido e querido no Rio, muito alegre e bem-humorado, aponta o que pode ser diferente dentro de toda tradição de um casamento hétero, só que gay: a festa numa elegância de clima de praia, acrescida do prazer da brisa do mar e da energia dos noivos.
A gente ouve muito falar em casamento gay em tempos de Bolsonaro?
As pessoas mandam mensagens agradecendo por esse amor, num momento tão complicado, de compartilhar nossa vida, refletindo uma coisa de falta de amor, tão difícil. Jair Bolsonaro é o presidente do nosso país, não da nossa vida. As pessoas têm que focar as energias com base no amor, no respeito, no convívio saudável. Tem amigos nossos que votaram no Bolsonaro, e isso nunca virou pauta. A gente tem que respeitar os outros. Se nosso casamento refletir positivamente nas pessoas, fico muito feliz.
Quais as diferenças principais entre um casamento hétero tradicional e um casamento gay tradicional?
As minhas amigas vão poder ir vestidas de branco, sem ser gafe; a propósito, pode ser até que conheçam alguém lá e desencalhem, esse é um desejo genuíno (rsrs). Essa chance vai ser dupla, já que, em vez do buquê, vamos jogar duas gravatas, que, pelo visto, serão concorridas. A Narcisa já disse que vai fazer tudo para pegar ambas. Outra coisa é que não estresse com nada, nem o “dia da beleza”, nem maquiador, nem cabeleireiro, nem vestidos complicados. Podemos sair da praia ou da academia meia hora antes de subir ao altar.
E a cabeça de noivo para noivo?
A nossa cabeça é muito masculina. Não nos importamos com os docinhos, o bolo, essas coisas, e quem está fazendo o papel da ‘noiva’ é a cerimonialista Raquel Abdu. A única exigência é que eu não gosto de bolo falso e flor de corte (planta morta) – só vai ter planta plantada.
E vocês resolveram expor tudo nas redes sociais e até a cerimônia em tempo real, por quê?
No momento em que estamos vivendo – de ódio, impaciência, preconceitos -, é muito melhor abrir a vida porque você faz com que as especulações e fofoquinhas de bastidor se autodestruam. Num primeiro momento, foi natural. Quando você entra nas minhas redes sociais, tem mensagens de pessoas que a gente não conhece e mandou até presente de casamento. E filmar a cerimônia foi um pedido do Fabiano Niederauer (dono da Inesquecível Casamento). Ele disse que seria bom compartilhar essa nossa felicidade. Mas tem muita gente em rede social que estava querendo ir. Acho que acabou sendo um presente para elas.
Você sempre foi um festeiro carioca. Por que Búzios?
Seria muito óbvio fazer um casamento no Copacabana Palace. O Diogo me disse que eu tenho cara de casar lá, mas não é o meu casamento – é o nosso casamento. E o Diogo é muito solar, gosta de praia. E tem a coisa de ser mais leve, mais descontraído.
Como foi essa difícil seleção para os padrinhos e madrinhas?
São 50 pessoas. Tem de tudo: atleta, empresário, artista, jornalista, queridos enfim, é uma Torre de Babel, tem de tudo. Eu não sou uma pessoa ‘nichada’, mas que gosta de gente; cada uma tem uma história e, de algum jeito, demonstraram afeto, amizade, um carinho grande. São todos muito amados.