Quando pensamos em festas tradicionais, algumas datas vêm à cabeça, como o Natal. E quando pensamos em quem faz essas festas, o nome do cerimonialista carioca Ricardo Stambowsky é um dos primeiros da lista, uma grife. Todos os anos, ele e a mulher, Sueli Stambowsky, promovem um encontro no apartamento, em Copacabana, com nome e sobrenome: “Cocktail de Noël”, que acontece nesta terça (19/11), segundo ele, um “pretexto para encontrar os amigos antes da loucura de fim de ano”.
O programa é certo para quem quer comprar presentes diferentes, originais, menos óbvios, de peças vintage que Ricardo coleciona em suas muitas viagens ao longo dos anos. E os convidados sabem que é dia de esquecer a dieta — Sueli também faz seus tradicionais bem-casados, famosos no Rio, além de uma mesa com outras delícias.
O que mudou no Natal, de uma década pra cá?
As famílias católicas frequentavam a Missa do Galo, presépios elaborados eram montados, mas o Menino Jesus foi substituído pelo Papai Noel, copiado dos americanos. Hoje em dia, nem ouço falar sobre essa e outras tradições. As pessoas perderam a religiosidade. A data virou comercial, capitalista mesmo. As ceias eram fartas, gordurosas e, hoje em dia, as pessoas não comem fritura, nem carne gordurosa; outras não comem nada, muito menos a tradicional rabanada. Tirando o peru, tudo está descaracterizado.
Acredita que a praticidade da vida anda tirando um pouco do charme da festa?
Charme faz parte do ser humano. E também houve essa mudança na família: as pessoas se casam várias vezes, têm filhos e enteados, muitos pais, muitas mães, muitos filhos. Isso acaba segmentando as festas de Natal, o conceito de família que tem muito a ver.
E o comportamento quanto aos presentes?
Essa é uma parte deliciosa que amaria acreditar até hoje, a história do Papai Noel deixando o saco cheio de presentes na árvore ou na meia pendurada. Mas, como as famílias cresceram muito, agora existe o amigo oculto, ou seja, o presente se resumiu a um só. Com a crise, a tradição de comprar presente para todos ficou flexível, e isso acontece em todas as classes sociais.
Acredita que as pessoas ficam melhores com o chamado “espírito natalino”?
Com certeza, desperta mais amor em todo mundo. Traz em si a confraternização, aproxima as pessoas. Coitadas das fábricas que faziam cartão de Natal! Virou o Natal do WhatsApp. Se a pessoa for íntima, vai ter áudio. As pessoas não fazem mais ligações, mas, sim, elas ficam mais sensíveis e amorosas.
As pessoas costumam fazer bazar de Natal, ou só você?
Tem muito bazar de Natal. O meu é um coquetel de Noel, uma confraternização com amigos. Compra quem quer, e se quiser, peças vintage que adquiri ao longo dos anos. É mais um pretexto para estarmos juntos.
Qual a maior chiqueria que alguém pode fazer no Natal?
Chiqueria é ter gesto de carinho com as pessoas queridas e a quem te atende o ano todo. É o máximo do chique.
E a situação com as festas de fim de ano em geral?
Elas se confundem. Cada lugar tem um evento — mistura Natal e réveillon. É a época de maior vibração.