Algumas lembranças de Ricardo Boechat, meu professor por alguns períodos, na Faculdade da Cidade, que morreu nesta segunda-feira (11/02): em setembro do ano passado, liguei pro seu celular, mas não completava a ligação. Quando comentei, depois ter achado que ele tinha mudado o número (como assim jornalista que fica trocando o celular?), ele falou: “O que mudou, e dramaticamente para pior, foi o nosso mercado, com veículos de todas as mídias botando gente na rua”.
Em e-mail de setembro do ano passado, escreveu: “É angustiante ver veteranos da minha geração, com os quais convivi por décadas, perambulando atrás de emprego nas redações. Os tempos estão sombrios; lamento não ter palavras de alento para compartilharmos”. Isso mostra uma das qualidades de Boechat, a quem tanto devo: tinha sempre um olhar pro outro. Tão importante quanto dar a notícia, era creditar, reconhecer e elogiar o trabalho dos colegas.
Penso que nunca me perdoei por não ter aceitado um convite para ir trabalhar com ele. Expliquei-lhe que quem pagava as minhas contas era eu, e o dinheiro não daria. Acho que ele não gostou; sem poder mudar a oferta, entendeu. Depois disso, um dia, eu tomava café da manhã no Leblon, com minha irmã que vive no campo. Ele, que estava no Rio (já que morava em São Paulo) veio à mesa, com a alegria de sempre… E, eu, claro, disse: “Vou te apresentar a um superjornalista….”. Ela me interrompeu: “Quem, neste País, não conhece Ricardo Boechat?”.
Ele riu, parecendo ter adorado. Orgulho-me de ter sido aluna de alguém que sempre enaltecia a profissão, que valorizava, acima de tudo, a pessoa como um todo. E partiu o nosso querido Boechat: suave e intenso, doce e destemido, ético e irreverente; mas, sobretudo, corajoso e humano. Todo mundo perde, mais ainda o jornalismo brasileiro.
Foto: arquivo site Lu Lacerda
o melhor jornalista que eu conheci em toda a minha vida.
Que pena! excelente jornalista. Estou muito triste.
Excelente jornalista, que perda! Estou muito triste.
O jornalismo brasileiro perdeu um jornalista imparcial e direto doa a quem doer, valeu Boechart.
Com certeza, era o melhor Jornalista da atualidade. Sincero, honesto, equilibrado e sempre olhando o lado humano da história, ao invés de apenas transmitir a notícia, de maneira robótica, falsa e distorcida. A marmelada do Troféu ” Os melhores do Ano”, patrocinado pela Rede Globo, só premia os atores e jornalistas , funcionários desta emissora, ignorando os demais profissionais. Nunca o William Bonner será melhor que o Ricardo Boechat , que deixará saudades e uma lacuna vazia na imprensa.
A noticia foi uma facada no peito e o Brasil perdeu uma de suas referencias. Boechat, amigo dos amigos, amigo da noticia, irreverente, um eterno farejador de furos. Musica no Museu nestes 21 anos sempre teve registros generosos de Boechat nos jornais, radio e tv. Toda a nossa programação recebeu destaques e elogios: E o RioHarpFestival, Musica no Museu Internacional, Concurso Jovens Músicos nem se fala. Guardamos, com o maior carinho, muito deste material para colocá-lo no nosso livro Música no Museu, do Rio para o Mundo. Descanse em paz, querido amigo.
Que palavras lindas, Lu. Com certeza o “bom dia” dele todas as manhãs farão falta a muitos cariosas.