O cantor carioca Rogê está em plena divulgação do seu 6º álbum, “Nômade”, nas plataformas digitais, mas, nesta quarta-feira (25/04), ele sobe ao palco da Casa de Cultura Laura Alvim, para o show de lançamento. Gravado entre Rio e Los Angeles, com produção de Kassin e Mário Caldato, o CD é sobre temas migratórios, numa mistura de sons brasileiros e balanços com letras que contam essas histórias – inclusive, uma das músicas inéditas composta em parceira com Arlindo Cruz, chama-se “Imigrantes”. Ainda no disco, o baixista de jazz Richard Bona, nascido em Camarões, país da África, que canta e toca na faixa “O Escambau”.
O lançamento, porém, vai além. O músico se uniu com o padre Omar, da Arquidiocese do Rio, e com o Instituto-E, de Oskar Metsavath (e a Osklen), na criação de uma camiseta cuja renda vai para o “Dó-Ré-Mi Abraça”, escola de música dentro do projeto de acolhimento a refugiados de países africanos do padre Omar. Antes da apresentação, o músico vai fazer um bate-papo para discutir a situação desses refugiados no Brasil e no mundo, dos estudantes do projeto, do próprio padre Omar e de Nina Almeida Braga, presidente do Instituto-E.
Como surgiu a ideia de “Nômade”?
Queria falar de diásporas, de migrações, de caravanas, vários povos e épocas. É uma ideia que tive há cinco anos, quando surgiu a possibilidade de eu ir morar fora do País com minha família. Seria a minha diáspora, e foi o estopim para começar a escrever, falando desse tema. E nós, como músicos, somos quase nômades, levando nosso som pelo mundo.
Como você encara o problema dos refugiados no Brasil?
O problema dos refugiados é mundial. Eu, como ser humano, acho que sempre podemos “botar mais água no feijão”. Mas é uma questão bem delicada e acredito que essa logística deva ser estudada por especialistas porque a gente está vivendo uma crise demográfica e de refugiados intensa. Humanitariamente, acredito que todos devem ser abraçados.
a ideia do projeto das camisetas?
A escola “Dó Ré Mi Abraça” é uma ideia extraordinária do padre Omar, e eu fico muito grato em poder contribuir de alguma forma. Mais do que tudo, essas pessoas precisam se sentir acolhidas e respeitadas. É o mínimo que a gente pode fazer. A ideia da venda da camiseta com o nome do meu disco “Nômade”, você podendo acessá-lo no Spotify pelo código de barras impresso, e isso ser revertido para eles, é um grande prazer pra mim.
Sendo carioca, como vc vê o Rio nestes tempos atuais?
Sou do Rio até o fim. Sou natural daqui e tenho muito orgulho disso, mas a verdade é que eu nunca vi o Rio tão maltratado e tão largado dessa maneira.